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O acordo de Numeá refere-se à transferência de certas competências da França, com referência ao território da Nova Caledônia, em numerosas áreas, com exceção da defesa, segurança pública, justiça, moeda e relações exteriores, que permaneceriam na esfera de competência do Estado francês até que se completasse a nova organização política resultante de consulta às populações interessadas.
Negociado após os Acordos de Matignon (1988), o acordo de Numeá foi assinado em 5 de maio de 1998, em Numeá, capital e principal cidade da Nova Caledônia, sob a égide do então Primeiro-ministro francês Lionel Jospin. Além dos representantes da República Francesa (Lionel Jospin e o Ministro dos Territórios Ultramar) também foram signatários do acordo seis representantes do partido Le Rassemblement (anti-independentista) e quatro representantes da Frente de Libertação Nacional Kanak e Socialista (pró-independência).
O Acordo de Numeá foi referendado pela população neocaledônia, em 8 de novembro de 1998, com 72% de aprovação.
Desde a promulgação da Lei Orgânica da Nova Caledônia, em 1999 - pouco depois da assinatura do Acordo de Numeá-, estabeleceu-se uma espécie de tradição segundo a qual o vice-presidente do território é sempre um político do campo pró-independência, enquanto a presidência é ocupada pelo campo oposto.
O acordo tem a particularidade de criar obrigações e restrições para o Estado Francês, além de transferir atribuições, em caráter irreversível, ou seja, qualquer modificação futura que implique retorno à situação anterior, está condicionada, simultaneamente, a um referendo e à mudança do artigo 77 da Constituição da França.
O preâmbulo do acordo é citado como um dos textos fundadores da política neocaledônia do fim século XX, ao definir noções - em particular, a "dupla legitimidade" dos Kanak e dos não kanak, bem como o "destino comum" - que seriam consideradas como valores fundamentais no arquipélago, a partir de então. São cinco parágrafos que abordam, respectivamente:
Em cumprimento ao acordo, foram realizados três referendos sobre a independência da Nova Caledônia. O primeiro deles realizou-se em 4 de novembro de 2018; o segundo, em 4 de outubro de 2020, e o terceiro, em 12 de dezembro de 2021. Nessas datas, os cidadãos neocaledônios e os residentes no território foram chamados a se pronunciar, respondendo sim ou não à pergunta: "Deseja que a Nova Caledônia tenha plena soberania e se torne independente?".
Todavia, o último referendo (2021) foi particularmente marcado pela abstenção (56%), tendo sido boicotado pelos independentistas que discordaram da realização do escrutínio em plena pandemia de COVID-19. Os líderes da população nativa kanak pediram o adiamento da votação, em razão do surto, que, a partir de setembro de 2021, causara a morte de 280 pessoas - lembrando que os rituais de luto dos kanaks duravam até um ano. Afinal, com uma participação de apenas 43,87% da população da Nova Caledônia, os eleitores rejeitaram a independência de forma esmagadora, com 96,50% votando contra e 3,50% a favor da independência. O presidente da França, Emmanuel Macron, comemorou a rejeição da proposta de independência.