Autoridade

Autoridade (do termo latino auctoritate) é um sinônimo de poder. É a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É uma espécie de poder continuado no tempo, estabilizado, podendo ser caracterizado como institucionalizado ou não, em que os subordinados prestam obediência ao indivíduo ou à instituição detentores da autoridade.

Exemplos de Relações de Autoridade

O poder dos pais sobre os filhos na família, do mestre sobre os alunos na escola, o poder de um chefe de Igreja sobre os fiéis, o poder de um empresário sobre seus funcionários, o poder de um chefe militar sobre seus soldados, a autoridade fundada sobre a legitimidade democrática (eleição), a autoridade carismática de um chefe religioso (com a necessidade de ações extraordinárias para garantir que este possui a graça divina), são exemplos de relações de autoridade.

Formas de classificação

Segundo Norberto Bobbio, existem três formas de se classificar o poder da autoridade:

Legitimidade da Autoridade

Devido à natureza abrangente do conceito, diversos filósofos e teóricos tentaram definir a "autoridade legítima", chegando no entanto a conclusões diferentes. Segundo Bakunin, por exemplo:

A liberdade do ser humano consiste unicamente nisso: ele obedece leis naturais porque ele as reconhece como tais, e não porque elas foram impostas a ele por um poder externo qualquer, seja ele divino ou humano, coletivo ou individual.

Ou seja: para ele, a autoridade nunca é legítima.

Já para outros como Max Weber, existem certas autoridades que são legítimas. Ele as divide em três tipos: a autoridade tradicional, a autoridade carismática e a autoridade racional-legal.

De acordo com Norberto Bobbio, a segunda e mais comum definição de autoridade considera que nem todo o poder estabilizador é autoridade, mas somente aquele em que a disposição de obedecer de forma incondicional se baseia na crença da legitimidade do poder. Ou seja, o poder da autoridade é considerado legítimo por parte dos indivíduos ou grupos que participam da mesma relação de poder. Nesta concepção, a autoridade tem o direito de mandar e os subordinados o dever de cumprir com as diretrizes proferidas pela autoridade. Portanto, é a aceitação do poder como legítimo que produz a atitude mais ou menos estável no tempo de obediência incondicional às diretrizes que provêm de uma determinada fonte. Essa obediência, no entanto, torna-se durável mas não permanente, pois, de tempos em tempos, a legitimidade do poder desta autoridade sofre a necessidade de ser reafirmada.

Abuso de autoridade

Ocorre quando alguém resolve abusar do seu poder de autoridade e usar critérios particulares para fazer valer a sua vontade, muitas vezes pessoal e não baseada em critérios justos. Alguns exemplos podem ser o funcionário público que acha que é dono do espaço público só porque tem autoridade para cuidar do local e é protegido pela lei. Ou quando uma pessoa detentora de autoridade usa critérios baseados em abuso de autoridade e preconceitos. Ou o político que acha que pode tomar decisões de autoridade sem consultar democraticamente o povo que o elegeu, não percebendo que só tem essa autoridade porque foi o povo quem o colocou lá e, por conseguinte, deve explicações a ele.

Tipicamente, o abuso de poder é uma forma (seja ela maioritária ou minoritária) de ditadura. Desde quando nascemos, temos uma autoridade em nossa vida. Pode ser definido como abuso de autoridade também o exercício do poder com uso de violência, até mesmo entre a família, quando os pais ou algum parente usam a autoridade que têm para a violência.

Autoridade no contexto religioso

A questão da autoridade no contexto religioso pode partir da concepção agostiniana da vida monástica e de como o problema do confrontamento dessa vida com a estratificação social e com a autoridade cria uma série de desafios.

Santo Agostinho era responsável por três mosteiros em Hipona e defendia que, num mosteiro, todos deveriam compartilhar a vida como um só corpo e coração em busca de Deus. Contudo, Santo Agostinho temia que a vida monástica levasse a uma espécie de "competição ascética". Assim, reconhece que tais comunidades não poderiam funcionar sem uma autoridade central, mas julgava necessário equilibrar a força da autoridade com as necessidades da comunidade monástica, e tal equilíbrio deveria ser zelado pela autoridade. Um superior deve ser obedecido mas também deve saber perdoar.

Ver também

Referências

  1. FERREIRA. A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 204.
  2. «What is Authority? | The Anarchist Library». theanarchistlibrary.org. Consultado em 25 de junho de 2015 
  3. Brito, Ramon. «Max Weber: Os três tipos de Autoridade». www.ideiapublica.com.br. Consultado em 25 de junho de 2015 
  4. «Bob.com - Best of Business». Bob.com - Best of Business. Consultado em 23 de agosto de 2016 
  5. «Razão e Fé no pensamento de Santo Agostinho». Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura 

Bibliografia

Ligações externas