Commentarii de Bello Gallico (Comentários sobre a Guerra Gálica) | |||||
---|---|---|---|---|---|
Uma edição do século XVII de Commentarii de Bello Gallico | |||||
Autor(es) | Júlio César, Aulo Hírcio (VIII) | ||||
Idioma | Latim clássico | ||||
Assunto | História, etnografia, história militar | ||||
Cronologia | |||||
|
Commentarii de Bello Gallico (latim para "Comentários sobre a Guerra Gálica") é um texto de Júlio César onde ele relata as operações militares durante as Guerras da Gália, que se desenrolaram de 58 a.C. a 52 a.C., das quais ele foi vencedor.
A "Gália" à qual se refere César é toda a Gália, com exceção da Província Narbonense (hoje Provença), englobando toda a França atual, Bélgica e parte da Suíça. Em outras ocasiões ele se refere somente ao território habitado pelos Celtas (a quem os Romanos chamavam Gauleses), do Canal da Mancha a Lugduno (Lyon).
O De Bello Gallico foi escrito por volta de 50 a.C. sob a forma de memórias, com um cuidado aparente de objetividade, mas finalmente revelam sua intenção de apologia pessoal. Cada um dos livros de De Bello Gallico é consagrado a uma das sete campanhas de César na Gália, e constituem preciosos documentos históricos.
A obra começa com Júlio César descrevendo a Gália e a campanha contra os Helvécios — um conglomerado de povos cujo número (segundo César) ultrapassava os 300 mil —, que decidira migrar das regiões alpinas para o oeste, passando através de Provença e outras áreas do centro da Gália, ocupadas por tribos aliadas a Roma. Quando César deixou claro que não permitiria isso, eles formaram uma aliança com outras tribos, para lutar contra os romanos (58 a.C.).
Segue-se a descrição das campanhas contra outras tribos gaulesas e germânicas, e a invasão da Britânia. Por último, o livro trata da insurreição geral da Gália e da derrota de Vercingetórix na Batalha de Alésia.
César distingue três grupos étnicos que viviam na Gália e que foram subjugados por suas forças: os Gauleses (no centro do país), os aquitanos (que viviam onde hoje é a região francesa da Aquitânia), e os Belgas (no norte).
As campanhas militares geralmente se iniciavam no final do verão — com o abastecimento de grãos e construção de fortalezas — e terminavam no final do ano, quando César voltava para seus quartéis entre os Sequanos (seus aliados), para passar o inverno.
A obra completa contem oito seções, Livro 1 ao Livro 8, variando em tamanho de aproximadamente 5 000 a 15 000 palavras. Cada um dos livros de De Bello Gallico é consagrado a uma das sete campanhas de César na Gália, sendo o livro 8 escrito por Aulus Hirtius, após a morte de César.
O livro é também valioso pelos diversos fatos históricos e pontos geográficos (Gallia est omnis divisa in partes tres…) que podem ser apreendidos da obra, que foi também uma das primeiras a serem escritas na terceira pessoa. Capítulos notáveis são aqueles que descrevem os costumes dos Gauleses (VI, 13), sua religião (VI, 17), uma comparação entre os Gauleses e os Germanos (VI, 24) e outras notas curiosas como a falta de interesse dos Germanos pela agricultura (VI, 22).
A obra tem sido um dos pilares da instrução do latim por causa de sua prosa simples e direta. Como vemos na dedicatória e introdução de Francisco Sotero dos Reis o ensino do Latim foi o objetivo principal da tradução, sendo publicada em versão bilíngue. Começa com a frase frequentemente citada "Gallia est omnis divisa in partes tres", que significa "A Galia está toda dividida em três partes".
Obras de Júlio César | |||||
---|---|---|---|---|---|
Opera quae supersunt |
| ||||
Obras perdidas | Anticato · Apophtegmata sive Dicta Collectanea · Carmina · De analogia ad M. Tullium Ciceronem · De Astris · Epistulae · Leges, senatusconsulta, decreta · Orationum fragmenta |