No mundo de hoje, Historiografia de Portugal ganhou uma relevância inesperada. Seja pelo seu impacto na sociedade, pela sua ressonância na cultura popular ou pela sua importância no campo académico, Historiografia de Portugal tornou-se um tema central de debate e reflexão. Desde as suas origens até à sua evolução hoje, Historiografia de Portugal marcou um antes e um depois na forma como percebemos o mundo que nos rodeia. Neste artigo iremos explorar os diferentes aspectos relacionados com Historiografia de Portugal, analisando a sua influência em diferentes áreas e o seu papel na formação da nossa realidade.
A historiografia de Portugal é o estudo da História de Portugal. Os primeiros registos históricos no território correspondente a Portugal são anteriores à nacionalidade, como os de Paulo Orósio e Idácio de Chaves, que escreveram sobre os últimos anos do domínio romano e chegada das tribos germânicas.[1] Na primeira metade do século X, no Alandalus, Amade ibne Maomé Arrazi redigiu a primeira história geral da Península Ibérica, divulgada nos reinos cristãos com o nome de Crónica do Mouro Rasis.[2] Os testemunhos prosseguem na idade média com Pedro Afonso, conde de Barcelos e os cronistas Fernão Lopes, Gomes Eanes de Zurara e Rui de Pina entre outros, e multiplicam-se durante a expansão portuguesa através de autores como João de Barros, Fernão Lopes de Castanheda, Gaspar Correia e Damião de Góis.[3]
A compreensão de Portugal e da sua história é uma constante da historiografia portuguesa: as condições que tornaram possível a autonomização de Portugal e, depois, lhe permitiram construir e manter uma identidade na Península e no mundo são o cerne da análise, acentuada a partir do século XIX, de historiadores e pensadores como Alexandre Herculano, Oliveira Martins, Antero de Quental, Sampaio Bruno, Jaime Cortesão, António Sérgio e Joel Serrão, entre outros.[3]
A leitura da história de Portugal em termos de um ciclo de apogeu e queda, de potência mundial à irrelevância geopolítica, é uma leitura marcadamente oitocentista. Portugal tem, pela sua posição geográfica e características geomorfológicas, uma posição excêntrica relativamente à Europa. A posição atlântica, prolongada desde o século XV pelos dois arquipélagos dos Açores e o da Madeira, foi a chave da sua história e da sua identidade nacional: encravado entre um poderoso vizinho e o mar, os Portugueses souberam tirar partido da sua situação estratégica, quer construindo no mar um poderio militar, quer aliando-se à potência naval dominante (aliança inglesa), assegurando a sobrevivência face às pretensões hegemónicas das potências europeias. Escreve Veríssimo Serrão (História de Portugal, vol. 1): «em face de uma Espanha superior em dimensão cinco vezes, não houve milagre no caso português, mas somente a adequada integração dos seus naturais num quadro político que lhe assegurou a existência autónoma que qualquer periferia marítima amplamente favorece. [carece de fontes]