Membrana celular

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A expressão membrana celular utiliza-se com dois significados diferentes:

Origem da ambiguidade

Na altura em que os microscópios foram aperfeiçoados no século XIX, e ao longo de século e meio (c.1800-c.1950) a investigação das células tinha por base apenas a observação por meio do microscópio óptico. Este não permite, por razões físicas relacionadas com o comprimento da onda da luz, detectar estruturas inferiores a 0,25 μm (micrómetros). Chamou-se de "membrana celular" o limite celular quando era visível. Na maior parte dos casos, o que se observava era um revestimento, mais ou menos flexível, feito de polissacarídeos, de proteínas ou de polímeros mistos, ao que se chama também de parede celular. Esta última é precisamente a expressão que deve ser preferida para evitar a ambiguidade.

No início do século XX, as investigações experimentais da fisiologia celular permitira postular a existência, em todas as células, duma membrana invisível, denominada "membrana plasmática" ou citoplasmática, e que deveria ser composta essencialmente de lípidoss. Esta representavs a envoltura do protoplasma, a parte fisiologicamente ativa da célula. Com o uso do microscópio eletrónico, pôde observar-se finalmente a membrana plasmática, cuja espessura comum é de apenas 0,0075 µm (75 Å). Com o microscópio eletrónico, pode distinguir-se na célula das plantas a membrana plasmática da parede celular.

Um exemplo de uso de membrana celular com significado de parede celular é o tratado clássico de histologia vegetal de K. Esau, que na sua tradução para o castelhano da sua 3ª edição de 1976 diz o seguinte:

"O termo membrana celular emprega-se correntemente na bibliografia botânica escrita em castelhano e o mesmo ocorre na bibliografia alemã e nalgumas publicacções antigas em língua inglesa; em contrapartida, nas publicações modernas escritas em inglês utiliza-se o termo parede celular, também usado em castelhano."

O parágrafo citado, traduzido aqui em português, refere-se ao idioma castelhano, mas nessa língua, assim como noutras, observa-se desde aquela época uma preferência para usar os termos mais claros "membrana plasmática" e "parede celular" em deterimento de membrana celular. Assim, noutro livro clássico publicado apenas alguns anos após a referência anterior, como é o Tratado de Botânica de Strasburger na 7ª edição em castelhano de 1986, o termo "membrana celular" já não aparece no índice alfabético de termos, mas sim membrana plasmática, parede celular, bio-membrana entre outros. Em inglês, a membrana celular acabou por se tornar sinónimo de membrana plasmática.

O termo membrana plasmática deriva do termo alemão Plasmamembran cunhado no século XIX por Karl Wilhem Nägeli.

Referências

  1. Graeme M. Walker. Yeast Physiology and Biotechnology. Google books. Página 63.
  2. George N. Agrios. Plant Pathology. Google books. Página 118. Citação: Nas células das plantas, devido à parede celular, apenas moléculas pequenas chegam à membrana celular. Nas células animais podem chegar à membrana celular e entrar na célula grandes moléculas ou partículas.
  3. P. K. Gupta. Cell and Molecular Biology. Ver no índice o capítulo Cell membrane (página 101). Google books.
  4. Y. Yawata. Cell Membrane. Google books
  5. Nicholas Sperelakis. Cell Physiology Source Book: Essentials of Membrane Biophysics. Google Books. Ver capítulo 3 (Cell membranes)
  6. Edward Alcamo. Biology Coloring Workbook. Google books. Página 22
  7. Arnošt Kleinzeller. Exploring the cell membrane: conceptual developments. A History of Biochemistry. Google books.
  8. Katherine Esau. Anatomía Vegetal. 3ª edição (1976). Omega. Página 51. ISBN 84-282-0169-2.
  9. Strasburger. Botânica. 7ª edição. (1986). ISBN 84-7102-990-1.