Maurice Merleau-Ponty

Maurice Merleau-Ponty
Maurice Merleau-Ponty
Nascimento Jean Jacques Maurice Merleau-Ponty
14 de março de 1908
Rochefort-sur-Mer, França
Morte 3 de maio de 1961 (53 anos)
Paris, França
Sepultamento cemitério do Père-Lachaise
Nacionalidade Francesa
Cidadania França
Progenitores
  • Bernard Merleau-Ponty
Cônjuge Suzanne Merleau-Ponty
Filho(a)(s) Marianne Merleau-Ponty
Alma mater
Ocupação Filósofo
Empregador(a) Collège de France, Universidade de Paris, Universidade de Lyon
Escola/tradição Fenomenologia
Existencialismo
Espiritualismo francês
Principais interesses Ontologia
Epistemologia
Movimento estético fenomenologia, estruturalismo
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio

Maurice Merleau-Ponty (Rochefort-sur-Mer, 14 de março de 1908Paris, 3 de maio de 1961) foi um filósofo fenomenólogo francês, fortemente influenciado por Edmund Husserl e Martin Heidegger.

A constituição do significado na experiência humana foi seu principal interesse e ele escreveu sobre percepção, arte, política, religião, biologia, psicologia, psicanálise, linguagem, natureza e história.

Biografia

Estudou na Escola Normal Superior de Paris, graduando-se em filosofia em 1931. Lecionou em vários liceus antes da Segunda Guerra, durante a qual serviu como oficial do exército francês. Em 1945 foi nomeado professor de filosofia da Universidade de Lyon. Em 1949 foi chamado a lecionar na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne).

Em 1952 ganhou a cadeira de filosofia no Collège de France. De 1945 a 1952 foi co-editor (com Jean-Paul Sartre) da revista Les Temps Modernes.

Suas primeiras obras procuraram dialogar com a psicologia, casos de La Structure du comportement (1942) e Phénoménologie de la perception (1945). Influenciado pela obra de Edmund Husserl, Merleau-Ponty procura dar carnalidade à consciência intencional de seu mestre e precursor. Nesse sentido, leva a filosofia de Husserl até as últimas consequências de sua encarnação no mundo da vida. Em Fenomenologia da Percepção, Merleau-Ponty critica a existência cartesiana do homem pelo cogito. Para o fenomenólogo, o homem se faz presente pelo seu corpo e este participa do processo cognitivo.

Voltando sua atenção para a questões sociais e políticas, Merleau-Ponty publicou em 1947 um conjunto de ensaios marxistas - Humanisme et terreur ("Humanismo e Terror"), a mais elaborada defesa do comunismo soviético do final dos anos 1940. Contrário ao julgamento do terrorismo soviético, atacou o que considerava "hipocrisia ocidental". Porém a guerra da Coreia desiludiu-o e fê-lo romper com Sartre, que apoiava os comunistas da Coreia do Norte.

Em 1955, Merleau-Ponty publicou mais ensaios marxistas, Les Aventures de la dialectique ("As Aventuras da Dialética"). Essa coleção, no entanto, indicava sua mudança de posição: o marxismo não aparece mais como a última palavra na História, mas apenas como uma metodologia heurística.

Merleau-Ponty morreu repentinamente de infarto, em 1961 aos 53 anos, aparentemente enquanto preparava-se para uma aula sobre René Descartes, deixando um manuscrito inacabado, que foi publicado postumamente em 1964, com uma seleção de notas de trabalho de Merleau-Ponty, organizados por Claude Lefort como "O visível e o invisível". Foi sepultado no cemitério Père Lachaise, em Paris, juntamente com sua mãe Louise, sua esposa Suzanne e sua filha Marianne.

Pensamento

Tomando como ponto de partida o estudo da percepção, Merleau-Ponty é levado a reconhecer que o "corpo próprio" não é apenas uma coisa, um objeto potencial de estudo para a ciência, mas também é uma condição permanente da experiência, que é constituinte da abertura perceptiva para o mundo e seu investimento. Ele então enfatiza que há uma consciência e um corpo inerentes que a análise da percepção deve levar em conta. Por assim dizer, a primazia da percepção significa um primado da experiência, na medida em que a percepção tem uma dimensão ativa e constitutiva.

O desenvolvimento do seu trabalho estabelece, assim, um reconhecimento da análise como uma corporalidade da consciência da intencionalidade corporal, contrastando com o dualismo das categorias ontológicas corpo / mente, de Rene Descartes, filósofo a quem Merleau-Ponty permaneceu atento apesar das diferenças significativas entre eles. Ele então começou um estudo da encarnação do indivíduo no mundo, tentando superar a alternativa de pura liberdade e determinismo puro, como a diferença entre o próprio corpo e os demais corpos.

Segundo Merleau-Ponty, quando o ser humano se depara com algo que se apresenta diante de sua consciência, primeiro nota e percebe esse objecto em total harmonia com a sua forma, a partir de sua consciência perceptiva. Após perceber o objecto, este entra em sua consciência e passa a ser um fenômeno.

Com a intenção de percebê-lo, o ser humano intui algo sobre ele, imagina-o em toda sua plenitude, e será capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa forma, o conhecimento do fenômeno é gerado em torno do próprio fenômeno.

Para Merleau-Ponty, o ser humano é o centro da discussão sobre o conhecimento. O conhecimento nasce e faz-se sensível em sua corporeidade.

Publicações

Referências

  1. MERLEAU-PONTY, Maurice. fenomenologia da percepção. Tradução de carlos Alberto Siqueira de Moura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
  2. Principalement dans Maurice Merleau-Ponty, Phénoménologie de la perception, Paris, Éditions Gallimard, collection « Tel », 1976, aux chapitres IV, V et VI
  3. Michela Marzano, Philosophie du corps, Presses Universitaires de France, collection « Que sais-je ? », 2007, pages 46-48 ; et Kurt Duaer Keller, Intentionality in Perspectival Structure, dans Chiasmi International ; Publication trilingue autour de la pensée de Merleau-Ponty, nouvelle série, numéro 3, pages 375-397.

Bibliografia

Ligações externas