Queloide

Exemplo de um quelóide na mão. Pequeno quelóide em um mamilo de um homem adulto. Um homem com um caso grave de queloide no pescoço.

A Cicatriz queloidiana ou simplesmente, queloide AO 1990 é um caso especial de cicatriz. Como desordem fibroproliferativa, são lesões fibroelásticas, salientes, rosadas, avermelhadas ou escuras e às vezes brilhantes. Podem ocorrer na cicatrização de qualquer lesão da pele. Geralmente crescem, e apesar de inofensivas (benigno), não contagiosas e muitas vezes indolores, podem se tornar um problema estético importante.

Queloides são difíceis de erradicar e, quando excisados (retirados cirurgicamente), tendem a recorrer. Ocorrem igualmente em ambos sexos, embora seja relatada a maior incidência (quase o dobro, isto é, 1,8:1) entre jovens do sexo feminino.

Ocorrência

Queloides são formados dentro dos tecidos. O colágeno, que é usado no tratamento de feridas, tende a deixar a área da cicatriz muito maior.

Embora comumente estejam em locais de lesão prévia, acidental ou cirúrgica, os queloides podem ocorrer sem que tenha havido uma lesão aparente - no local de um piercing, por exemplo, nas orelhas ou no tronco. Também podem ocorrer em lesões da pele provocadas por doenças, como varicela (catapora) ou acne, assim como em lesões repetitivas (provocadas por roupas, por exemplo) abrasões e infecções.

5% a 16% das populações de risco (indivíduos afro-descendentes, asiáticos e hispânicos) têm maior propensão a formar queloides do que os de outras etnias.

A cicatriz hipertrófica é diferente do queloide, embora ambos sejam desordens fibroproliferativas. Cicatrização hipertrófica é um desordenamento das fibras de colágeno; queloide é uma produção exagerada de fibras de colágeno. Porém, histologicamente não se pode diferenciar cicatriz hipertrófica de queloide, nem ao microscópio ótico nem ao eletrônico. Tanto as cicatrizes hipertróficas quanto os queloides são compostos de tecido fibroso denso. No entanto, uma cicatriz hipertrófica é limitada à área do trauma e muitas vezes regride com o tempo; já o queloide pode não regredir em seis meses a dois anos, e alastrar-se além da área da lesão, estando freqüentemente associado a prurido e dor. Parece existir um componente genético e hereditário na propensão ao desenvolvimento de queloides.

Dentre as técnicas para tratamento, são referidas a remoção cirúrgica, radioterapia, crioterapia, gel de silicone, injeção intralesional de agentes diversos ou injeção de corticoides e laserterapia. A malha de compressão, em casos de queimaduras, também ajuda a não formar a cicatriz hipertrófica e o queloide. As infiltrações de corticoides diminuem o tamanho das cicatrizes, fazendo que pareçam menos eritematosas. A ressecção cirúrgica pode ser feita com técnicas, como a incisão e sutura simples, ou com técnicas mais sofisticadas como a zetaplastia. Para retirar a cicatriz deve avaliar-se o tamanho, a forma e a localização, além dos riscos de infecção e de tensão exagerada. Quando se trata de quelóides, é possível ressecá-las, sem retirar as bordas, e em seguida infiltrá-las. Muitas vezes, a retirada da cicatriz é associada à colocação oclusiva de silicone e também à infiltração de corticoide. Pode-se realizar dermoabrasão das lesões, principalmente daquelas não muito altas. A criocirurgia é agressiva e pode causar úlceras importantes. A aplicação de raios laser (na faixa de 560-580 nm) pode diminuir o tamanho da cicatriz e, principalmente, aclarar a sua cor. Os quimioterápicos podem ser usados em determinadas situações, porém as injeções costumam ser dolorosas. Os imunomoduladores, principalmente o Imiquimod, apresentam algum resultado, principalmente quando são utilizados no tratamento pós-cirúrgico.

História

Os queloides foram descobertos por cirurgiões egípcios em 1700 aC. O médico francês Jean-Louis Alibert (1768-1837) identificou o queloide em 1806 e o chamou de cancroide. Posteriormente, modificou o nome para queloide, com o fim de evitar a conotação cancerígena. A palavra 'queloide' é derivada do grego χηλή, translit. khélê, 'pinça, mandíbulas', com o sufixo '-oide', do grego εἶδος , translit. eîdos, 'aspecto, forma'. Sua clínica no Hospital Saint Louis foi durante muitos anos o centro mundial da dermatologia.

Queloides intencionais

Na era pré-colombiana, os olmecas do México utilizavam a escarificação como meio de decoração dos seus corpos. Na era moderna, mulheres da Núbia no Sudão são intencionalmente escarificadas com queloides faciais como forma de decoração. Os nuer e nuba utilizam implantes labiais, tatuagens queloides na região frontal, mento e sobre o lábio e sobrancelhas. Como parte do ritual, os nativos da Papua-Nova Guiné fazem incisões na pele, e nelas inserirem barro ou cinza de forma a desenvolver tumefacções permanentes. Esse ritual, doloroso, torna-os membros respeitados na comunidade tribal, sendo honrados pela sua coragem e resistência.

Localização dos queloides

Não existem locais específicos de surgimento de queloides. Porém os locais mais comuns são a região do músculo deltoide, nos braços e áreas que sofrem tensão durante a cicatrização, como a região pré-esternal.

Tratamentos

Ver também

Referências

  1. a b Quelóide e cicatriz hipertrófica em pós-operatório: etiologia, prevenção e tratamento.
  2. "Resultados do tratamento das cicatrizes queloideanas com cirurgia e imiquimode 5% creme: um estudo prospectivo" , por Álisson Yoshiharu Umemura, Flávio Augusto Flório, Stillitano de Orgaes, Newton José Borba Canicoba, Patrícia Pinheiro Dorsa, Juliano Guarizzo e Hamilton Aleardo Gonella. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica v. 26 n°1, janeiro/março 2011, p.3.
  3. Quelóide e cicatriz hipertrófica em pós-operatório: etiologia, prevenção e tratamento.
  4. Manejo cirúrgico das cicatrizes de Acne Arquivado em 26 de setembro de 2011, no Wayback Machine.. Dermatologia. Drª Denise Steiner.

Ligações externas