Quirino

Quirino

Denário com imagem de Quirino no anverso, e Ceres no reverso de 56 a.C.

Na mitologia romana, Quirino (em latim: Quirinus) foi um antigo deus que representava o Estado romano. Na Roma de Augusto, Quirino também foi um epíteto de Jano, como Jano Quirino (Janus Quirinus).

Em algumas fontes, Quirino é associado ao deus grego Enialio.

Seu nome viria de quiris, que significa "lança". Outra teoria propõe que seria derivado de co-viri ("homens juntos"); na medida em que ele personificava a força militar e econômica do populus romano coletivamente. Também alertava a curia ("casa do senado") e a assembleia curiata — termos que seriam cognatos de seu nome.

A esposa de Quirino era Hora. Na arte, era representado como um homem com barba e com roupa religiosa e militar. Por vezes associado com a murta-comum, seu festival era a Quirinália, realizada no no dia 17 de fevereiro. Quirino foi citado na Eneida, de Virgílio.

História

Supõe-se que Quirino tenha sido originalmente um deus da guerra sabino. Os sabinos tinham uma colônia próxima ao local onde Roma foi fundada, e ergueram um altar ao deus no Collis Quirinalis (monte Quirinal), uma das sete colinas de Roma. Quando os romanos povoaram a região, acabaram por absorver o culto de Quirino ao seu sistema de crenças arcaico - anterior à influência grega - e, ao fim do século I a.C., Quirino já era considerado como sendo Rômulo deificado. Logo se tornou um importante deus do Estado romano, sendo incluído na mais antiga precursora da Tríade Capitolina, juntamente com Marte (então o deus da agricultura) e Júpiter. Varrão comenta a respeito do Capitolium Vetus ("Antigo Capitólio"), um culto arcaico praticado no Quirinal e dedicado a Júpiter, Juno e Minerva, sobre o qual Marcial faz um comentário referente à diferença entre o "antigo Júpiter" e o "novo" (o Júpiter posterior à influência grega, equivalente a Zeus).

Em períodos posteriores, no entanto, Quirino se tornou bem menos importante, e perdeu seu lugar para a Tríade Capitolina mais conhecida (com Juno e Minerva tomando o lugar de Quirino e Marte). Mais tarde os próprios romanos começaram a se afastar do sistema de crenças estatais, favorecendo cultos mais pessoais e místicos (como os de Dioniso/Baco, Cibele e Ísis), até que Quirino passou a ser venerado quase que exclusivamente por seu flâmine, o flâmine quirinal (flamen Quirinalis), que continuava a ser um dos patrícios considerados flâmines maiores, superiores em importância ao pontífice máximo (pontifex maximus).

Legado

Séculos depois da queda do Império Romano, o monte Quirinal, em Roma, permaneceu associado com o poder - tendo sido escolhido como a sede da casa real, após a tomada da cidade pelos Saboia, e posteriormente como a residência dos presidentes da República Italiana, o Palácio do Quirinal.

Referências

  1. Eric Orlin, Foreign Cults in Rome: Creating a Roman Empire (Oxford University Press, 2010), p. 144.
  2. Na oração dos fetiales, citada por Lívio (I.32.10); Macróbio (Sat. I.9.15);
  3. Fishwich, Duncan The Imperial Cult in the Latin West Brill, 2ª edição, 1993 ISBN 978-90-04-07179-7
  4. Evans, Jane DeRose The Art of Persuasion University of Michigan Press 1992 ISBN 0472102826
  5. Ryberg, Inez Scott. "Was the Capitoline Triad Etruscan or Italic?" The American Journal of Philology 52.2 (1931), pp. 145-156.
  6. Varrão, De lingua latina V.158.
  7. Marcial, (V, 22.4) fala sobre um local no Equilino de onde se podia ver hinc novum Iovem, inde veterem. ("aqui o novo Júpiter, lá o velho."
  8. Festo, 198, L: "Quirinalis, socio imperii Romani Curibus ascito Quirino".