No mundo de hoje, Solução final tornou-se um tema de grande interesse para uma ampla gama de pessoas. Desde cientistas e especialistas na área até ao público em geral, Solução final tem captado a atenção de muitos devido à sua relevância e impacto na sociedade moderna. Para melhor compreender este fenómeno, é crucial explorar as diferentes perspetivas e opiniões que existem sobre o assunto. Neste artigo iremos mergulhar no fascinante mundo de Solução final, analisando a sua importância, a sua evolução ao longo do tempo e a sua influência em vários aspectos da vida quotidiana. Da sua origem à sua relevância hoje, descobriremos como Solução final deixou sua marca no mundo e continua a ser tema de debate e análise hoje.
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Solução final ou solução final da questão judaica (do alemão Endlösung der Judenfrage) refere-se ao plano nazi de genocídio da população judia de todos os territórios ocupados pela Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial.[1]
A expressão aparece em uma carta do general das SS, Reinhard Heydrich ao diplomata Martin Franz Julius Luther, do Ministério do Exterior alemão. Na carta, Heydrich solicita a participação do Ministério na implementação da "solução final para a questão judaica", ou seja, "remover" os judeus dos territórios ocupados pela Alemanha, conforme fora decidido pelas lideranças nazistas. Anexa à carta estava a ata da conferência de Wannsee, na qual havia sido anunciado que Heydrich seria o principal responsável pelo cumprimento daquela decisão.[2][3]
Os nazis concentraram as populações judias em guetos e mais tarde em campos de concentração e campos de extermínio.
Em 31 de Julho de 1941, sob instruções de Adolf Hitler, Hermann Göring enviou uma carta a Reinhard Heydrich determinando que este lhe submetesse, assim que possível, um plano geral, incluindo uma previsão de meios materiais e organizacionais necessários para implementar uma "solução final para a questão judaica".[5]
Na conferência de Wannsee, que teve lugar em Berlim, no dia 20 de janeiro de 1942, reuniram-se altos funcionários do governo da Alemanha nazista e líderes das SS (Schutzstaffel). O objetivo da conferência, convocada pelo diretor do Reich Main Security Office SS-Obergruppenführer, Reinhard Heydrich, era assegurar a cooperação de líderes administrativos de vários departamentos governamentais na implementação da "solução final para a questão judaica". Durante a reunião, Heydrich delineou como os judeus europeus seriam reunidos e enviados para campos de extermínio na Polónia ocupada, onde seriam mortos.[7] Os registros e minutas do que se passou na conferência foram recuperados pelos Aliados somente em 1947 (depois do primeiro dos vários julgamentos de Nuremberg). No entanto, a expressão Endlösung der Judenfrage não aparece nesses documentos.[8]
A natureza precisa e o momento exacto das decisões que levaram à Solução Final é um aspecto intensamente pesquisado e debatido do Holocausto. A maioria dos historiadores concorda, escreveu Christopher Browning, que a Solução Final não pode ser atribuída a uma única decisão tomada num determinado momento.[9] "É geralmente aceito que o processo de tomada de decisão foi prolongado e incremental".[10]
O principal objetivo da conferência de Wannsee não era decidir sobre o Holocausto, que há muito já estava em marcha - mas organizar e coordenar a deportação e aniquilação da população judaica.
A "solução final" já se sugeria no Mein Kampf pela própria escrita de Adolf Hitler, quando lamentava que, no início ou durante a Primeira Guerra Mundial, doze ou quinze mil dos judeus malfeitores "que estavam a corromper a nação" não tivessem sido submetidos a gás venenoso "no momento certo".[11]
De acordo com o jornalista Josef Hell, que ainda em 1922 lhe perguntou o que ele faria com total liberdade de ação contra os judeus, Hitler respondeu: "Quando estiver realmente no poder, a destruição dos judeus será minha primeira e mais importante tarefa." E acrescentou que levantaria forcas em todas as cidades alemãs até que o último judeu fosse exterminado.[12]
Em 30 de Janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado chanceler da Alemanha pelo presidente Paul von Hindenburg, depois de o partido nazi obter uma percentagem significativa (cerca de 44%) dos votos nas eleições de 1932.[13] Aquela data, para vários historiadores e organizações, marca o começo da "solução final"[14] - foi seguida pouco tempo depois pela Lei de Concessão de Plenos Poderes, que deu a Hitler o poder de legislar sem aprovação parlamentar. A partir daí, leis e práticas cada vez mais duras e restritivas foram apertando o cerco à minoria judaica.
A 20 de Março de 1933, abre o primeiro campo de concentração: Dachau, nos arredores de Munique, sob controle das SS. Nele foram aprisionados comunistas, social-democratas, Testemunhas de Jeová, homossexuais, ciganos, judeus (embora ainda não especificamente visados nessa condição) e de um modo geral os "inimigos do Reich", reais ou imaginários. Era usado de início o eufemismo "custódia protetora". Dachau foi um campo de treino para as SS e o modelo para os muitos campos de trabalho e/ou extermínio que se lhe seguiram.[15][16]
Com a tomada de poder pelo NSDAP em 1933, a perseguição aos judeus alemães começou com o objetivo imediato de forçar o maior número possível deles a emigrar da Alemanha, por meio da asfixia económica e da exclusão social, primeiro através do terror das SA (Sturmabteilung), a partir de 1934 pelas SS (Schutzstaffel). Seguiram-se medidas estatais como o Boicote aos negócios judaicos (1 de abril de 1933), a demissão de funcionários públicos não arianos (Lei de Restauração da Função Pública de 8 de Abril de 1933)[17] e as Leis de Nuremberga de 1935.
A resposta inicial ao regime nazi foi uma onda substancial de emigração (37 000 a 38 000), grande parte para os países europeus vizinhos (França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Checoslováquia e Suíça). Grande parte desses refugiados foi depois capturada pelos nazis após a conquista da Europa Ocidental em Maio de 1940.[18]
Em Agosto de 1933, após três meses de negociações, foi celebrado um acordo entre o Banco Anglo-Palestino, a Federação Sionista da Alemanha e o Ministério da Economia do III Reich. O acordo, que ficou conhecido pelo nome de Acordo Haavara (significando "acordo de transferência") tinha como objectivo organizar a emigração de judeus alemães para a região da Palestina. O acordo tornou possível a emigração de cerca de sessenta mil judeus para a Palestina entre 1933 e 1939 e, ao mesmo tempo, promoveu as exportações alemãs (entre outras, como uma contramedida ao boicote antinazista de 1933). Conforme o estipulado no documento, os judeus emigrados podiam receber parte de seus ativos alemães bloqueados na forma de importações alemãs para o Médio Oriente. Este acordo continuou com pequenas alterações de 1933 até ao começo da Segunda Guerra Mundial.[19][20]
Na noite de 9 para 10 de Novembro de 1938, naquela que ficou conhecida como a "Noite de Cristal", forças das SA e civis alemães levaram a cabo um pogrom organizado contra a minoria judaica na Alemanha e na Áustria. Apresentado pela propaganda do regime nazi como uma "resposta espontânea" ao assassínio do diplomata alemão Ernst vom Rath por Herschel Grynszpan, um judeu polaco, em Paris, nesse mesmo dia 9 - foi de facto ordenado a partir do topo.[21]
Entre 7 e 13 de novembro, cerca de 800 judeus foram assassinados, 400 deles na noite de 9 para 10 de novembro. Mais de 1 400 sinagogas, salas de oração e outras salas de reunião, assim como milhares de lojas, apartamentos e cemitérios judeus foram destruídos e saqueados. A partir de 10 de novembro, aproximadamente 30 000 judeus foram presos em campos de concentração.[22][23]
Três decretos antijudaicos foram emitidos em 12 de Novembro: os judeus não mais dirigiriam empresas; teriam eles próprios de suportar os estragos sofridos durante o pogrom, e as indemnizações dos seguros seriam confiscadas em benefício do Reich. Além disso, os judeus alemães, as vítimas da Noite de Cristal, foram obrigados a pagar uma multa no valor um bilhão de marcos.[24][25]
Em 1 de Setembro de 1939, sem uma declaração formal de guerra, a Alemanha invadiu a Polónia, por coincidência no mesmo dia em que Hitler autorizou o Aktion T4, o programa de eutanásia do regime nazi.[26]
A invasão da Polónia pretendia, conforme as palavras de Hitler, destruir totalmente o país e os seus habitantes e reparti-lo, conforme o pacto secreto Molotov-Ribbentrop, com a URSS.[27][28][29][30] Pouco antes da invasão, Hitler fez um discurso aos seus comandantes militares em Obersalzberg: "(...) preparei, para já apenas no Leste, as minhas formações SS-Totenkopfverbände ("regimentos da caveira") com ordens para matar sem piedade nem misericórdia todos os homens, mulheres e crianças de ascendência ou língua polaca. Só assim poderemos obter o espaço vital de que necessitamos".[27]
Desde os primeiros dias da guerra, uma onda de enorme violência acompanhou as tropas alemãs: pilhagens, violações, massacres da intelligentsia polaca e judaica, e igualmente do povo comum - o chamado "holocausto a tiro".[31] A invasão foi um exemplo de guerra total. A Luftwaffe bombardeou alvos militares e civis, escolas, igrejas, e hospitais e ambulâncias apesar de sinalizadas. De posse de listas de milhares de pessoas a abater,[32] elaboradas antes da invasão com a ajuda de membros da minoria alemã no país, as SS, as Selbstschutz ("unidades de auto defesa"), assim como o exército regular, conduziram diariamente execuções em massa de polacos, e preferencialmente judeus.[33][34][35][36]
Em 17 de Setembro, e também sem aviso, as tropas de Estaline invadem a leste a Polónia, sendo também responsáveis por inúmeros crimes de guerra.[37] Em fins de Setembro, praticamente toda a resistência polaca organizada cessara. O número de mortos polacos– civis e militares, judeus e não judeus – nesse primeiro mês da ocupação foi estimado em 250 mil.[38]
O regime nazi, em determinada altura, cerca de 1938, chegou a considerar a hipótese de deportar a população judaica da Europa sob o seu domínio para a ilha de Madagascar, uma possessão francesa. A ilha seria colocada sob mandato alemão, governada pelas SS, e nela os judeus perderiam a cidadania e, conforme as próprias palavras do plano idealizado pelos nazis, permaneceriam nas mãos dos alemães como um penhor do futuro "bom comportamento dos membros da sua raça na América".[39][40] Seria, no fundo, um "supergueto." [41]
Yehuda Bauer observa que em Outubro de 1940 o nazismo deportou 7 500 judeus da Alemanha, não para o Leste, mas para a França - o que seria apropriado como ponto de embarque para Madagáscar. Contudo, o plano foi abandonado por não ser viável.[42]
Uma vez a Polónia subjugada, uma área perto de Lublin, com cerca de 900 km2, que fazia parte do chamado Governo Geral, foi inspecionada por Artur Seyss-Inquart em Novembro de 1939. Ele relatou que - de acordo com o governador local - a área, de natureza pantanosa, serviria como uma "reserva" para os judeus, e que "esta ação causaria (a sua) considerável dizimação" Em 25 de novembro, Hans Frank informou a administração local que um influxo de "milhões de judeus" tinha sido proposto. Odilo Globočnik foi encarregado de todas as questões relativas aos judeus na área de Lublin, representando as SS e o comando da polícia. Globočnik criou um departamento liderado por um Dr. Hofbauer para planear a colonização dos judeus esperados e o seu recrutamento para trabalhos forçados.[43][44]
Os primeiros judeus, cerca de 3 mil, foram enviados para Lublin em 18 de Outubro de 1939. Os primeiros comboios eram constituídos por judeus deportados da Áustria e do Protectorado da Boémia e Morávia.[45] Contudo, logo no dia 19, quando o segundo e terceiro transportes estavam preparados, Heinrich Müller, em nome do chefe da SS, Heinrich Himmler, suspendeu novas deportações e o plano foi abandonado.[46][47]
A 10 de Maio de 1940, deu-se a invasão alemã da Holanda, Bélgica e Luxemburgo, preliminares da invasão da França. Numa primeira fase, a Fall Gelb, as unidades de tanques alemãs penetraram através das Ardenas, para circundar as unidades Aliadas que se tinham movido para a Bélgica. A maior parte da Força Expedicionária Britânica e muitos soldados franceses tiveram de escapar de Dunquerque para a Inglaterra na Operação Dínamo.
Na segunda fase da invasão, a Fall Rot, a 5 de Junho, as forças alemãs cercaram a Linha Maginot para atacar o resto da França. O governo francês deixou Paris para Bordéus e os alemães tomaram Paris a 14 de Junho. Após a rendição do Segundo Grupo do Exército Francês a 22 de Junho, a França assinou um armistício em 25.
Antes da invasão, às tropas de Hitler tinha sido distribuído Pervitin, uma metanfetamina recentemente descoberta e já habitualmente usada pelo exército nazi; tinha sido testada na Polónia. O exército alemão tinha encomendado 35 milhões de comprimidos antes de avançar para a França. A droga possibilitou o avanço rápido e constante dos alemães, que já não sentiam necessidade de descansar e dormir; segundo o próprio Guderiam, as suas tropas não descansaram durante dezassete dias.[48][49][50][51]
Hitler dividiu a França em duas partes principais, uma ocupada por alemães no norte e no oeste, e uma parte no sul, sob um governo colaboracionista de Pétain, o qual ficou conhecido como o Regime de Vichy, localidade onde se estabeleceu.
A 10 de Junho de 1940, após vários dias de debate, 569 deputados da Assembleia Nacional (contra apenas 80) votam a favor da concessão de plenos poderes a Pétain.[52] O novo governo desde logo começou a publicar legislação antisemita. O regime de Vichy promulgou um Estatuto dos Judeus, que discriminou os judeus excluindo-os da administração pública, forças armadas, entretenimento, artes e mídia, assim como determinadas profissões, como o ensino, a advocacia e a medicina. Distinguiu ainda entre os judeus estrangeiros e os franceses, decidindo que os primeiros podiam ser internados pelas autoridades locais.[53]
Do ponto de vista do Nazismo, os primeiros métodos usados para liquidar os judeus tinham diversos e sérios defeitos. O isolamento forçado em guetos, o saque das riquezas judaicas, e a retirada de meios de subsistência, embora aumentassem a mortalidade, eram extremamente lentos. As execuções a tiro exigiam muitos recursos, munições e transporte.[54]
Em 15 de Agosto de 1941, H. Himmler assistiu a uma execução em massa de judeus pelo Einsatzgruppen B em Minsk. Arthur Nebe, o comandante do grupo, e Erich von dem Bach-Zelewski, queixaram-se da "pressão psicológica" sofrida pelos seus homens ao terem de matar mulheres e crianças.[55][56][57]
Himmler começou a procurar melhores, mais rápidos e "limpos" métodos de liquidar os judeus e opositores.[55] Foram feitas experiências executando doentes mentais por meio de explosivos, o que deixava pedaços de corpos espalhados por toda a parte. Pacientes de asilos perto de Minsk foram gaseados em recintos selados em que introduziam gases de escape de automóveis a partir do exterior. Por último, o modo escolhido foi usar carrinhas de gás, camiões especificamente modificados, com capacidade para cerca de 100 condenados de cada vez, que encaminhavam os gases de escape para o interior do compartimento de carga. Durante a viagem até aos locais onde seriam sepultadas, as vítimas morriam sufocadas.[58][59]
As camionetas de gás foram utilizadas em Chelmno a partir de 8 de Dezembro 1941.Este foi o primeiro campo de extermínio a funcionar, e a partir de Janeiro de 1942 já os habitantes do gueto de Lodz estavam a ser mortos em Chelmno.[58] Contudo, também este método viria a ser abandonado - as mortes não eram imediatas, e os gritos das vítimas perturbavam os condutores.
As câmaras de gás viriam a ser escolhidas como o método mais eficiente de extermínio em massa.
Em 3 de setembro de 1941, em Auschwitz, o SS-Hauptsturmführer Karl Fritzsch fez uma primeira experiência com seiscentos prisioneiros de guerra soviéticos e 150 polacos, executando-os por meio de Zyklon-B, um pesticida.[60] Este método de eleição foi o seguido nos campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau e Majdanek.[61]