Transtorno da maturação sexual

Desordem da maturidade sexual
Transtorno da maturação sexualPara a Organização Mundial de Saúde, bissexualidade e homossexualidade não são transtorno nem doença.
Especialidade psiquiatria
Classificação e recursos externos
CID-10 F66.0
CID-9 302.85
MedlinePlus 001527
MeSH D005783
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Transtorno da maturação sexual era um diagnóstico de transtorno listado na décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Se referia a uma ansiedade, sofrimento e depressão gerado quando o paciente está incerto quanto a sua identidade sexual ou sua orientação sexual. Era descrito como ocorrendo comumente em adolescentes que não estão certos da sua orientação, ou em adultos que após um período de orientação sexual aparentemente estável (frequentemente ligada a uma relação duradoura) percebe que sente atração por alguém do sexo diferente do parceiro ou parceira.

Em 2014 foi determinado que não havia justificação para a existência desta categoria de distúrbio mental, e o diagnóstico não foi incluído no CID-11, que entrou em vigor em janeiro de 2022.

História

O transtorno da maturação sexual, juntamente com o transtorno do relacionamento sexual e de orientação sexual egodistônica, foi introduzida no CID em 1990, substituindo o diagnóstico de homossexualidade do CID-9. A nota seguinte foi aplicada à totalidade da parte F66, a secção em que estes três diagnósticos apareceram: "A orientação sexual por si só não deve ser considerada como um transtorno".

Remoção do CID

Como parte do desenvolvimento do CID-11, a OMS nomeou um Grupo de Trabalho sobre a Classificação das Doenças Sexuais e Saúde Sexual para fazer recomendações sobre as categorias de doenças relacionadas com a orientação sexual (parte F66). O grupo de trabalho recomendou que toda a parte F66 fosse eliminada devido à falta de utilidade clínica, à falta de utilidade nos dados de saúde pública, e ao potencial de consequências negativas, incluindo o risco de estas categorias poderem dar apoio a "tratamentos ineficazes e antiéticos", tais como a terapia de conversão. Observou que não existem provas de que a orientação sexual não heterossexual seja em si mesma uma causa de angústia; em vez disso, existem fortes provas empíricas de que os sintomas psicológicos em pessoas não heterossexuais são o produto de discriminação, rejeição social e estigma.

Em referência especificamente ao transtorno de maturação sexual, o grupo de trabalho notou a possibilidade de esta categoria de diagnóstico ter confundido padrões normais de desenvolvimento com processos patológicos, e também notou que as pessoas com uma orientação sexual não heterossexual ou que têm inconformidade de gênero podem sofrer de stress social devido ao estigma, mas tal angústia não é indicativa de um transtorno.

Consequentemente, o CID-11 não inclui nenhuma categoria de diagnóstico que possa ser aplicada a pessoas com base na orientação sexual, alinhando o CID com o DSM-5.

Características

Entre totalmente hétero (canto superior direito), totalmente homo (canto superior esquerdo) e totalmente assexual (canto inferior) existem diversas variações de atração sexual

O transtorno pode começar com:

A confusão quanto a sexualidade podem ser agravados por:

Fontes

O motivo para sentir atração sexual por homens ou mulheres dependem de múltiplos fatores, sendo influenciado por questões genéticas, congênitas, sociais, culturais e pelo desenvolvimento endócrino.

Mas ao contrário do que a sociedade pensa a opinião de especialistas é que a atração sexual não é uma opção, e sim uma imposição.

Classificação

O transtorno não se limita a nenhuma orientação sexual, sendo assim a fonte de transtorno pode ser:

No caso de não ter desejo sexual por ninguém, pode se suspeitar de depressão maior (ou similares) ou pode ser uma assexualidade normal e saudável.

Não se pode fazer esse diagnóstico em casos de intersexualidade (pessoas que nasceram com genitália ambígua), pois considera-se que essas pessoas tem liberdade para escolher seu gênero e sexualidade.

Diagnóstico diferencial

Tratamento

O foco do tratamento deve ser esclarecer dúvidas sobre as diversas orientações sexuais baseando-se em pesquisas científicas e sem pressionar a tomar uma escolha

O objetivo do tratamento é ajudar a pessoa a se sentir bem consigo mesma e com sua orientação sexual. Para isso é recomendado:

Os problemas psicológicos relacionados a homossexualidade e bissexualidade são proporcionais a intolerância da sociedade em que vivem, especialmente por parte de pais, responsáveis e professores. Assim, quanto mais intolerância e preconceito maior a probabilidade de depressão maior e suicídio.

Psicoterapia

Com base na Resolução CFP 001/99:

Não-profissionais

Recomendações para os responsáveis:

Ver também

Referências

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