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VJ (abreviação de video jockey) é a denominação dada às práticas artísticas relacionadas com a performance visual em tempo real.
Principais características do VJing são a criação e manipulação de imagens em tempo real, através de meios tecnológicos e para uma audiência, em diálogo com música ou som. A prática do VJing tem lugar em eventos como por exemplo concertos, discotecas, festivais de música e em galerias e museus, muitas vezes em combinação com outras práticas performativas. O resultado da combinação entre as várias práticas artísticas é uma performance em tempo real, que inclui músicos, artistas visuais (VJs), actores, bailarinos, etc.
O termo VJing, embora tenha origem nas discotecas de Nova Iorque nos anos setenta, ficou popular através da sua associação com o Vídeo Jockey da MTV. Nesse caso, os VJs não precisam de qualquer perícia com equipamento audiovisual, sendo admitidos pela popularidade ou beleza.
Historicamente, o VJing vai buscar referências a expressões artísticas relacionadas com a experiência sinestética entre som e imagem, presente no filme abstracto experimental e na pintura de Kandinsky. A história dos desenvolvimentos tecnológicos relacionados com a captura e difusão de som e imagem são fundamentais para que seja traçada uma raiz de influências. A relação entre o som e a cor é fundamental para a invenção do color organ. O seu inventor, Bainbridge Bishop, concebeu-o como uma forma de representar visualmente a música que ouvia ao adicionar às teclas de um orgão um dispositivo que permitiam criar a correspondência visual aos sons que tocava. Embora existam outros experiências anteriores, o trabalho de Bishop é relevante porque se encontra documentado no livro que o próprio publicou em 1893.." Esta reação tem sido uma constante na história que combina tecnologia e arte. Em 1919 e 1927, a pianista Mary Hallock-Greenewalt, tocava um instrumento feito de pedais e manípulos e que produzia escalas de luz, com várias intensidades de cor, em combinação com a música. Intitulava a sua obra de "Nourathar".
Durante a década de 1960, em eventos musicais, os artistas visuais utilizavam slides, bolas de espelhos e projecções de luzes sobre efeito do fumo, para criar ambientes e novas experiências. Em São Francisco, entre 1965 e 1966 os liquid light shows eram produzidos por colectivos de artistas visuais. Entre os vários grupos, o Joshua Light Show e Brotherhood of Light destacam-se pelos efeitos visuais que acompanharam os concertos dos Grateful Dead. Estes efeitos visuais com luz e cor foram fortemente estimulados pela geração Beat e alimentados pela “expansão da consciência” em volta das experiências com ácidos, próprias da época.
O novo século trouxe também novas dinâmicas às práticas relacionadas com a performance audiovisual. Anteriormente, ser VJ implicava um processo isolado de autoinvenção e como resultado o termo não era muito conhecido. Com o surgimento da Internet, o estabelecimento de ligações entre pares transformou o contexto, através do surgimento de comunidades virtuais. Os inúmeros festivais que começam a surgir por toda a Europa são resultado destas ligações estabelecidas online. Entre os festivais, o VideA (2000 - 2005), em Barcelona; o AVIT construído pela e para a comunidade VJCentral.com, com edições em Leeds (2002), Chicago (2003), , 2006), e "VJ: Live Cinema Unraveled" (Tim Jaeger, 2006). A relação VJ-DJ ganhou relevância como assunto de interesse para os que estudam o VJing no contexto académico human–computer interaction.
Alguns projectos têm vindo a tomar forma em volta da documentação e estudo teórico do VJing. Em 2004, Annet Dekker orientou o VJ Cultuur – a state of flux, um projecto do Netherlands Media Art Institute, Montevideo / Time Based Arts. Dekker contribuiu, através da escrita, para o conhecimento da história do VJing, no contexto da discoteca. Em 2005 o projecto VJ Theory iniciou a publicação online de textos sobre VJing e a organização de discussões online e offline sobre assuntos relacionados. Estas actividades ajudaram a desenvolver uma comunidade de interesse em volta da reflexão teórica sobre a performance audiovisual e sobre o VJing. Entre 2005 e 2006 foram editados vários livros contendo entrevistas com VJs e estudos de caso de projectos e festivais. Estas publicações ajudaram a perceber a práctica reconhecendo-lhe um contexto histórico e artístico. Os encontros em festivais internacionais dedicados às artes digitais, como é o caso do ISEA e do Ars Electronica, e em festivais especificamente dedicados ao Vjing, como é o caso do festival abertura em Lisboa, têm vindo a definir a prática em termos teóricos.
A dinâmica gerada pelo crescente interesse na investigação teórica e académica contribui para a complexificação do discurso. Gradualmente, o foco de atenção passa dos assuntos relacionados com a produção do evento ou performance para se dividir entre o processo, os conceitos, a identidade e presença do performer e do colectivo e a audiência. Assuntos relacionados com autoria, com redes de colaboração e narrativa, colocam a discussão crítica relacionada com o Vjing numa base partilhada por várias áreas do conhecimento, definindo como interdisciplinar cada projecto de investigação.
Publicações periódicas, online e em papel, apresentam artigos relacionados com o VJing, como é o caso da AMinima magazine, no seu número especial sobre Live Cinema, que apresenta alguns dos VJs mais proeminentes internacionalmente e vários artigos sobre VJing e jornal online Vague Terrain, com o número The Rise of the VJ.