Johann Paul Friedrich Richter | |
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Jean PaulJean Paul retratado por Heinrich Pfenniger (1797-1798). | |
Nome completo | Johann Paul Friedrich Richter |
Pseudónimo(s) | Jean Paul |
Nascimento | 21 de março de 1763 |
Morte | 14 de novembro de 1825 (62 anos) |
Nacionalidade | Alemão |
Ocupação | Escritor |
Movimento estético | Romantismo |
Jean Paul (21 de Março de 1763 — 14 de Novembro de 1825), pseudônimo de Johann Paul Friedrich Richter), foi um escritor romântico alemão muito admirado na sua época. A modificação que fez no seu nome deveu-se à admiração que sentia por Jean-Jacques Rousseau.
O pai de Jean Paul foi maestro e organista em Wunsiedel. Em 1765 converteu-se em pastor em Joditz; em 1776 conseguiu um posto melhor em Schwarzenbach an der Saale. A atmosfera protestante em casa do pai de Jean Paul marcou a sua infância. Começou a familiarizar-se com as ideias do Iluminismo através de um proeminente maestro e do pároco Erhard Friedrich Vogel, proveniente da localidade vizinha de Rehau, mais que através do seu pai conservador. Apartado dos centros político-literários da sua época, Jean Paul formou-se de modo autodidacta, e com 15 anos tinha um amplo conhecimento sobre livros que recolhia em cadernos monográficos. Em 1779 Jean Paul mudou para o ginásio de Hof, onde conheceu o seu amigo Johann Bernhard Hermann, que seria o arquétipo de muitas personagens das suas novelas, como por exemplo "Leibgeber" em Siebenkäs. Poucos meses depois morreu o seu pai, o que despoletou na família uma grave crise económica.
Monumento a Jean Paul em WunsiedelEm Maio de 1781 Jean Paul entrou na universidade de Leipzig, mas seguiu os estudos de teologia com muita apatia. No entanto, nessa época começou a descobrir-se como escritor: depois das suas primeiras experiências literárias, escreveu principalmente sátiras ao estilo de Jonathan Swift e de Ludwig Liscow, as quais foram reunidas em forma impressa em 1783 sob o nome de Grönländische Prozesse (Os processos gronelandeses). No entanto, a esta primeira publicação não se seguiram êxitos posteriores. Em 1784 Jean Paul teve que fugir dos seus credores e regressou a casa da sua mãe em Hof, na qualidade de "fracassado". A forma como se sentia nessa época pode-se testemunhar na sua novela tardia Siebenkäs. À pobreza opressiva daqueles anos veio a somar-se a morte de um amigo em 1786 e o suicídio de seu irmão Heinrich em 1789. Só quando Jean Paul começou a receber como professor particular a partir de 1787, a sua sorte começou a mudar lentamente.
A série dos seus êxitos como escritor teve início em 1793 com a novela Die unsichtbare Loge. Jean Paul havia enviado o manuscrito ao escritor Karl Philipp Moritz, que se mostrou entusiasmado: „¡Mas isto está acima de Goethe, é algo totalmente novo!", terá exclamado, e graças ao seu intermédio o livro encontrou rapidamente uma editora em Berlim. É em Die unsichtbare Loge que Jean Paul utiliza pela primeira vez este nome, motivado pela admiração por Jean-Jacques Rousseau. Antes disso tinha escrito os seus trabalhos sob o pseudónimo de J. P. F. Hasus. Não obstante, Die unsichtbare Loge não passou de um fragmento, já que Jean Paul se entregou a uma nova novela, Hesperus, aparecida em 1795. Este livro, o primeiro grande êxito literário desde Die Leiden des jungen Werthers de Goethe, levou Jean Paul subitamente à fama. Herder, Wieland e Johann Wilhelm Ludwig Gleim expressaram com entusiasmo o seu apreço por Hesperus. Como era de esperar, Goethe e Schiller não apreciaram a obra.
Jean Paul ganhou um lugar especial na literatura alemã e dividiu sempre os leitores. Para alguns é merecedor de uma veneração suprema; para outros, desinteresse e reprovação. A tendência romântica de fazer desaparecer a forma na novela foi levada ao extremo por ele; August Wilhelm Schlegel qualificou as suas obras de "solilóquios", nos quais permitia aos leitores tomar parte, uma espécie de intensificação daquilo que Laurence Sterne começou com o seu Tristram Shandy. Jean Paul usou constantemente um sem-fim de ocorrências humorísticas e grotescas. A sua obra caracteriza-se pelas metáforas audazes e tramas digressivas e até certo ponto labirínticas. Nelas, Jean Paul misturou reflexões com comentários sobre o "que fazer" literário; a sátira amarga aparece repentina junto da ironia engenhosa e o humor suave; junto ao sóbrio realismo encontra idílios esclarecedores, interrompidos usualmente de forma irónica; a sua obra também contém crítica social e posturas políticas.
Em sua homenagem foi designado o maior prémio de literatura que outorga o Estado Livre da Baviera. A cada dois anos é atribuído em reconhecimento da obra completa de um autor de língua alemã. Monetariamente, o prémio consiste em 15 000 euros. Alternava até 2002 com o Prémio Karl Vossler, considerados ambos como os Prémios literários da Baviera. Os galardoados com este prémio foram: