União Democrática Nacional

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União Democrática Nacional
União Democrática Nacional
Presidente de honra Eduardo Gomes
Fundação 7 de abril de 1945
Dissolução 27 de outubro de 1965[1]
Sede Avenida Nilo Peçanha 12, 11º andar
Rio de Janeiro, RJ[2]
Ideologia
Espectro político Centro-direita à direita
Publicação O Informativo Udenista
Vigilância Democrática[3]
Antecessor Partido Republicano Paulista (membros paulistas ligados a Júlio Prestes e Washington Luís)
Sucessor Durante o bipartidarismo:
ARENA
Após a Lei nº 6.767:
PDS (após fusões e mudanças de nome, atual Progressistas)
PFL (dissidência, atual União Brasil)
Cores      Azul
     Branco

União Democrática Nacional (UDN) foi um partido político brasileiro, fundado em 1945, de orientação conservadora e frontalmente opositor às políticas e à figura de Getúlio Vargas. Seu lema era uma frase atribuída ao orador irlandês John Philpot Curran (1750-1817): "o preço da liberdade é a eterna vigilância"[4][5] e seu símbolo era uma tocha acesa.

A União Democrática Nacional era conhecida por sua defesa da democracia, do liberalismo clássico, da moralidade e pela forte oposição ao populismo. Além disso, algumas de suas bandeiras eram a abertura econômica para o capital estrangeiro, a valorização da educação pública e a austeridade econômica.[6][7][8] O partido detinha forte apoio das classes médias urbanas e de alguns setores da elite, pela posição favorável às influências do imperialismo americano no Brasil.[9] Concorreu às eleições presidenciais de 1945, 1950 e 1955, postulando o brigadeiro Eduardo Gomes nas duas primeiras e o general Juarez Távora na última, perdendo nas três ocasiões. Em 1960, apoiou Jânio Quadros (que não era filiado à UDN), obtendo assim uma vitória histórica.

Seu principal rival nas urnas era o Partido Social Democrático. Até as eleições parlamentares de 1962, a União Democrática Nacional era a segunda maior bancada do Congresso Nacional, atrás apenas da bancada pessedista. Nesse ano, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) tomou este segundo lugar da União Democrática Nacional. Como todos os demais partidos, a União Democrática Nacional foi extinta pela ditadura militar que assumira o poder em 1964, através do Ato Institucional Número Dois (AI-2).[1] A extinção do partido ocorreu em 27 de outubro de 1965.[10]

Após o golpe civil-militar de 1964, muitos quadros da União Democrática Nacional migraram para a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). No entanto, sua principal liderança, o jornalista Carlos Lacerda, apesar de ter sido um dos líderes civis do golpe, voltou-se contra ele em 1966, com a prorrogação do mandato do presidente Humberto Castelo Branco. Segundo Lacerda, a prorrogação do mandato de Castelo Branco levaria à consolidação do governo revolucionário numa ditadura militar permanente no Brasil, o que realmente aconteceu. Em novembro de 1966, lançou a Frente Ampla, movimento de resistência ao golpe militar de 1964, que seria liderada por ele com seus antigos adversários, João Goulart (do antigo PTB) e Juscelino Kubitschek (do antigo PSD).

História

Carlos Lacerda, principal nome da União Democrática Nacional

No nascimento da Primeira República, as antigas agremiações partidárias e suas respectivas lideranças foram repartidas em bases estaduais. O novo modelo federativo pulverizou os antigos partidos Liberal, Conservador, Progressista e Democrático, entre outros, nas estruturas estaduais. Ante a impossibilidade de conciliação dos interesses das várias autonomias estaduais, e suas visões particulares (liberais, conservadores, nacionalistas, positivistas, progressistas, federalistas), um partido Republicano em escala nacional tornara-se inviável. Através de um acordo tácito e irregular entre os dois maiores colégios eleitorais do país - Minas Gerais e São Paulo - e seus respectivos partidos hegemônicos - o PRM e o PRP - um equilíbrio de poder tornara a república governável, embora não imune às crises de ocasião. O golpe de 1930, e o de 1937, que o seguira, fulminaria de morte o radical arranjo autonomista da Primeira República e as velhas agremiações.

Campanha presidencial do brigadeiro Eduardo Gomes (UDN-RJ)

Foi na conjuntura final do Estado Novo que foram criados os principais partidos políticos brasileiros atuantes da década de 1940 à de 1960: a União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A lei eleitoral de maio de 1945, elaborada sob a supervisão do ministro da Justiça Agamenon Magalhães, determinou a constituição de partidos de caráter nacional, o que rompia com a tradição estadualizada da política partidária brasileira.

A União Democrática Nacional foi fundada no dia 7 de abril de 1945,[11] reunindo diversas correntes que nos anos anteriores haviam-se colocado em oposição à ditadura do Estado Novo. Setores liberais que desde 1943, com o lançamento do Manifesto dos Mineiros, vinham se manifestando pelo fim do regime ditatorial, se articularam para lançar a candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes à presidência da República. Para dar sustentação a essa candidatura foi criada a União Democrática Nacional, que num primeiro momento constituiu uma ampla frente anti-Vargas.

Em sua origem, compunha uma frente unificada das lideranças desalojadas do poder pelo Golpe de 1930, representados por figuras como o baiano Otávio Mangabeira, o paulista Júlio Prestes ou o ex-presidente Artur Bernardes, e por clãs políticos estaduais como os Konder, de Santa Catarina, ou os Caiado, de Goiás.

Ingressaram também na União Democrática Nacional, outros setores que só romperam com Getúlio Vargas no decorrer da década de 1930, como José Américo de Almeida, Juarez Távora, Antônio Carlos, Juracy Magalhães, Carlos de Lima Cavalcanti e José Antônio Flores da Cunha. Havia ainda liberais históricos, como os irmãos Virgílio e Afonso Arinos de Melo Franco,[12] Raul Pilla, Pedro Aleixo, Odilon Braga, Milton Campos, entre outros. Finalmente, estiveram entre os fundadores do partido até mesmo alguns grupos e personalidades de esquerda, como Silo Meireles, rompido com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) em virtude da aproximação desse partido com Getúlio Vargas, e socialistas como Hermes Lima, Domingos Vellasco e João Mangabeira, aglutinados na chamada Esquerda Democrática. Essa frente ampla começou a dissolver-se, contudo, ainda durante o ano de 1945. Em Minas Gerais, o grupo ligado ao antigo PRM, liderado por Artur Bernardes, optou por organizar o Partido Republicano (PR), de matiz nacionalista. No Rio Grande do Sul, setores ligados ao antigo Partido Federalista criaram o Partido Libertador, dirigido por Raul Pilla. PR e PL, entretanto, mantiveram seu apoio à candidatura do brigadeiro Eduardo Gomes. No ano seguinte, a Esquerda Democrática abandonaria a União Democrática Nacional para organizar o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Com a saída desses setores, a União Democrática Nacional consolidou-se como um partido de direita, adotando posturas conservadoras. Até a sua extinção em 1965, o partido esteve no centro dos principais acontecimentos da vida política do país. Caracterizou-se pela defesa da democracia liberal e pelo combate aguerrido às correntes getulistas.[13]

Participação da UDN em governos

Governo Primeiro-Ministro Ministro Seção Período Pasta
Dutra Raul Fernandes UDN-RJ 1946-1951 Educação e Saúde
Clemente Mariani UDN-BA 1946-1950 Relações Exteriores
Vargas II Vicente Rao UDN-SP 1953-1954 Relações Exteriores
José Américo de Almeida UDN-PB 1953-1954 Viação e Obras Públicas
João Cleofas UDN-PE 1951-1954 Agricultura
Café Filho Miguel Seabra Fagundes UDN-DF 1954-1955 Justiça e Negócios Interiores
Prado Kelly UDN-RJ 1955
Raul Fernandes UDN-RJ 1954-1955 Relações Exteriores
Ramos Não participou do governo Nereu Ramos
Kubitschek Não participou do governo Juscelino Kubitschek
Quadros Afonso Arinos de Melo Franco UDN-GB 1961 Relações Exteriores
Clemente Mariani UDN-BA 1961 Fazenda
João Agripino UDN-PB 1961 Minas e Energia
Campanha da legalidade e instituição da República Parlamentarista (8 de Setembro de 1961)
Goulart I Tancredo Neves Virgílio Távora UDN-CE 1961-1962 Viação e Obras Públicas
Gabriel Passos UDN-MG 1961-1962 Minas e Energia
Brochado da Rocha Afonso Arinos de Melo Franco UDN-GB 1962 Relações Exteriores
Hermes Lima Não participou do governo João Goulart-Hermes Lima
Extinto o período parlamentarista após o Referendo de 1963 (6 de janeiro de 1961)
Goulart II Gabriel Passos UDN-MG 1963 Minas e Energia
Fim da 4ª República com o Golpe Militar (31 de Março de 1964)
A UDN é dissolvida pelo Ato Institucional n.º 2 (27 de Outubro de 1965)

Desempenho eleitoral

Eleições legislativas

Eleições presidenciais e vice-presidenciais

Ano Imagem Candidato(a) a Presidente Candidato a Vice-Presidente Coligação Votos % Colocação
1945 Eduardo Gomes (UDN) [nota 1] UDN 2.039.241 34,74
1946 José Américo de Almeida (UDN) 139[nota 2] 43,44
1950[nota 3] Eduardo Gomes (UDN) UDN, PRP, PDC e PL 2.342.234 29,66
Odilon Braga (UDN) 2.344.841 33,26
1955[nota 4] Juarez Távora (UDN) UDN, PDC, PL e PSB 2.610.462 30,27
Milton Campos (UDN) 2.384.739 41,70
1960[nota 5] Jânio Quadros (PTN) PTN, UDN, PDC, PL e PR 5.636.623 48,26
Milton Campos (UDN) 4.237.719 33,07

Organização

Presidentes

Presidente Estado
1945–1947 Otávio Mangabeira Bahia
1947–1949 José Américo de Almeida Paraíba
1949–1951 Prado Kelly Rio de Janeiro
1951–1953 Odilon Braga Minas Gerais
1953–1955 Arthur Ferreira dos Santos Paraná[16][17]
1955–1957 Milton Campos Minas Gerais
1957–1959 Juracy Magalhães Bahia
1959–1961 José de Magalhães Pinto Minas Gerais
1961–1963 Herbert Levy São Paulo
1963–1965 Olavo Bilac Pinto Minas Gerais
1965 Ernani Sátiro Paraíba

Ver também

Notas

  1. Em 1945 não existia o cargo de vice-presidente da república.
  2. Eleição indireta realizada no Congresso Nacional.
  3. Em 1950 a eleição para presidente e vice-presidente era feita de forma separada.
  4. Em 1955 a eleição para presidente e vice-presidente era feita de forma separada.
  5. Em 1960 a eleição para presidente e vice-presidente era feita de forma separada.

Referências

  1. a b Presidência da República, ed. (27 de outubro de 1965). «Ato Institucional nº 2» 
  2. «UDN», Registro partidário, Tribunal Superior Eleitoral, consultado em 10 de setembro de 2011  .
  3. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «UNIAO DEMOCRATICA NACIONAL (UDN)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 23 de novembro de 2021 
  4. «O preço da liberdade é a eterna vigilância | Matheus Leitão». VEJA. Consultado em 4 de junho de 2021 
  5. «O preço da liberdade é a eterna vigilância». Canaltech. 26 de fevereiro de 2015. Consultado em 4 de junho de 2021 
  6. FAUSTO, Boris (2006). Getúlio Vargas. São Paulo: Companhia das Letras. p. 149. ISBN 978-85-359-0814-5 
  7. NOVACULTURA.info (19 de abril de 2016). «Benayon: "Antecedentes da enganação"». NOVACULTURA.info. Consultado em 6 de setembro de 2022 
  8. PODER360 (22 de abril de 2019). «Advogado entra no TSE para refundar a UDN, partido extinto na ditadura». Poder360. Consultado em 6 de abril de 2025 
  9. PODER360 (22 de abril de 2019). «Advogado entra no TSE para refundar a UDN, partido extinto na ditadura». Poder360. Consultado em 6 de abril de 2025 
  10. Em seu livro de memórias, A alma do tempo, Afonso Arinos revela que "o nome da UDN foi sugerido por mim" (pág. 500 da edição da Topbooks).
  11. Bancada na Eleição Portal da Câmara dos Deputados. Acessado em 19 de abril de 2016.
  12. Senadores Portal do Senado Federal. Acessado em 19 de abril de 2016.
  13. NICOLAS, 1977, p32.
  14. HOERNER , BÓIA & VARGAS 2001, p. 153.

Bibliografia

  • NICOLAS, Maria. O Paraná na Câmara dos Deputados.Curitiba: Imprensa Oficial; 1977, 220p
  • HOERNER, Valério Jr; BÓIA, Wilson; VARGAS, Túlio (2001), Bibliografia da Academia Paranaense de Letras – 1936/2001, Curitiba: Posigraf , 256 pp.

Ligações externas