Neste artigo, exploraremos minuciosamente o tópico Usuário(a):Tetraktys/Sobre a censura em temas políticos e todos os aspectos relacionados a ele. Desde a sua origem histórica até à sua influência na sociedade atual, passando pelo seu impacto nas diferentes áreas de estudo e pela sua relevância no mundo contemporâneo. Analisaremos também diferentes perspectivas e opiniões sobre Usuário(a):Tetraktys/Sobre a censura em temas políticos, com o objetivo de fornecer uma visão ampla e completa que permita ao leitor compreender profundamente este tema e formar a sua própria opinião sobre o mesmo. Adicionalmente, examinaremos estudos de caso e exemplos concretos que ilustram a importância de Usuário(a):Tetraktys/Sobre a censura em temas políticos em vários contextos, bem como a sua evolução ao longo do tempo. Prepare-se para mergulhar numa viagem informativa e enriquecedora que lhe permitirá adquirir conhecimentos aprofundados sobre Usuário(a):Tetraktys/Sobre a censura em temas políticos!
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Como ponto de partida, é preciso, quem ainda não conhece, conhecer as políticas que regem o trabalho dos editores. É uma das normas basilares da Wikipédia a exigência de manter-se um ponto de vista imparcial ou neutro no trabalho de edição. Isso é declarado explicitamente em nosso Segundo Pilar, uma das únicas leis pétreas do projeto:
Isso é reforçado pela política de imparcialidade, que não faz mais do que elaborar sobre o mesmo ponto:
Esta política traz uma importante ressalva:
Esta recomendação é perfeitamente coerente com o princípio de imparcialidade, pois o editor não deve interferir na realidade descrita pelas fontes utilizadas — ele deve pura e simplesmente repetir o que os autores dizem sem tomar nenhum partido, seja a favor, seja contra.
O editor tampouco está autorizado a introduzir interpretações, julgamentos de valor ou análises do campo que não são suportados pelas fontes, pois a Wikipédia não é um repositório de opiniões dos seus editores, que devem curvar-se, em tudo, ao que as fontes declaram — desde que sejam fontes independentes e fidedignas, como está consagrado no Primeiro Pilar e na Política de Verificabilidade. Isso está indissociavelmente relacionado a outra lei pétrea, a proibição de publicação de pesquisa inédita, que é amparada por outro dos nossos Cinco Pilares e está regulamentada em uma política especial.
Outra de nossas políticas, a que rege a construção de biografias sobre pessoas vivas, impõe o seguinte:
No entanto, a despeito da clareza cristalina destas normas, muitas vezes elas são ignoradas, ou por má fé, ou por ignorância, ou por vício de interpretação. O resultado da desobediência das normas é potencialmente grave, pois a Wikipédia é o sexto website mais acessado em todo o mundo, o 11º mais acessado no Brasil,[1] e é um poderosíssimo formador de opinião.[2][3][1] Já é notório o grande papel que as mídias eletrônicas desempenham na modificação do meio social contemporâneo através da disseminação de informação,[4][5] e segundo matéria da Agência Estado, "os brasileiros que adotam rapidamente as novas tecnologias, publicam conteúdo em sites colaborativos e escrevem blogs estão ganhando um papel de formadores de opinião cada vez mais importante. É que muitos internautas recorrem a informações em redes sociais, blogs, fóruns e sites wiki para realizar pesquisas cotidianas e até mesmo decidir qual produto irá comprar". De acordo com pesquisa do IBOPE entre os frequentadores da Campus Party, "dos entrevistados, 90% disseram que usam ou já usaram a Wikipédia como fonte de informação".[2] Além disso, os artigos da Wikipédia são copiados por inúmeros outros portais e blogs, a Wikipédia já vem sendo usada como referência até em artigos acadêmicos, e é usada diariamente por milhões de escolares e jovens, que podem não ter cultura bastante para criticar o conteúdo que leem. Um artigo de Fernando Ferreira no Observatório da Imprensa (que aliás critica a definição de imprensa que encontrou na Wikipédia) diz exatamente isso:
Se o leitor encontrar um artigo tendencioso e parcial, se não tiver maiores conhecimentos sobre o assunto, provavelmente irá formar sua opinião a partir do material que encontrar aqui, e a partir deste pseudo-conhecimento, em sua vida prática poderá tomar decisões que podem afetá-lo negativamente em uma infinidade de modos. Constata-se, assim, a enorme responsabilidade do editor.
Na edição de temas políticos, como biografias de parlamentares, presidentes, prefeitos, partidos e outros correlatos, é evidente a importância do leitor ter à disposição um texto equilibrado, que reflita a realidade do tema, e que lhe permita formar opiniões esclarecidas, especialmente para quando tiver de votar. Votar, como todos sabem, é um ato de vastas repercussões em todos os níveis da vida da população. Porém, tem se tornado um problema editar na área política, pois ela é extremamente delicada, ainda mais porque muitos políticos tratados em nosso artigos ainda estão vivos, o que, como já vimos, exige um cuidado adicional na hora da edição.
O artigo sobre um político não deve difamá-lo, e tampouco deve fazer propaganda de sua pessoa ou carreira, pois, como vimos antes, a Wikipédia não tem opinião própria sobre nada, ela apenas repete a opinião de autores confiáveis. Isso é perfeito. E é a regra. No entanto, na hora de interpretarmos a regra é que surgem os problemas.
Há uma grande diferença entre não difamar e ocultar deliberadamente críticas que ele possa notoriamente ter recebido, mesmo quando as críticas são de domínio público e mesmo quando foram apresentadas por múltiplas fontes fidedignas e independentes. Políticos são figuras públicas, e faz parte indissociável de suas biografias o impacto que eles exercem sobre o meio social, é de fato a essência de sua atividade a modificação do meio social através da política. Assim, como poderíamos escrever um artigo imparcial se não fazemos referência clara à repercussão de sua atividade na sociedade? Se ocultamos deliberadamente as críticas que recebeu, estamos exercendo a censura seletiva da informação, e ao mesmo tempo fazendo propaganda para ele e fazendo da sua biografia não um artigo enciclopédico e imparcial, mas um currículo brilhante, que vai enganar o leitor fazendo-o pensar que sua atuação tem sido imaculada e ele deve inquestionavelmente receber o seu voto na próxima eleição.
Do outro lado, a censura pode surgir quando um político realizou grandes obras, mas a apresentação dessas realizações no artigo é interpretada por alguns editores como propaganda. Da mesma forma, há uma grande diferença entre não fazer propaganda e ocultar deliberadamente realizações, pois frequentemente cai-se no mesmo vício de interpretação da regra — se não podemos ocultar pontos negativos, não podemos tampouco ocultar pontos positivos.
Se fizermos qualquer uma dessas coisas, nosso artigo será parcial. Se há fontes fidedignas para sustentar o conteúdo, e se a apresentação deste conteúdo acompanha proporcionalmente o estado real da imagem pública do biografado, ou seja, não dá peso demasiado onde há evidência escassa, e nem reduz o peso da evidência abundante, e traz as informações, mesmo as polêmicas, como baseadas nas fontes e não como verdades absolutas e eternas, à luz das normas atuais o conteúdo deve permanecer, mesmo que alguns editores não gostem disso. Mais uma vez é preciso enfatizar que a opinião pessoal do editor não deve ter interferência nenhuma sobre a opinião das fontes, desde que estas sejam fidedignas e independentes.
Assim, remover conteúdo sustentado por fontes boas e suficientes porque ele apenas soa parcial, seja por apresentar um tom aparentemente brilhante demais, seja por apresentar um tom aparentemente crítico em excesso, é má prática editorial, é exercer a censura e é ser parcial. Não cabe aos editores julgar o que dizem as fontes, cabe somente repetir o que informam. Um bom político não deve ser penalizado por editores da Wikipédia que impedem que sua carreira digna seja apresentada como tal, nem um mau político deve ser protegido pelos editores da Wikipédia impedindo que a lama venha à tona, se ela já veio através dos grandes meios de comunicação e de profissionais sérios. O editor pode ter boa intenção quando remove ou "ameniza" este tipo de conteúdo, ou quando dá espaço e peso igual a aspectos que merecem espaço e peso desigual, pensando que assim está sendo imparcial, mas ele está errado.
Há uma grande diferença entre manter a neutralidade no trabalho editorial, a fim de atender às nossas políticas, e, ao longo deste trabalho, neutralizar as fontes. A neutralidade deve ser nossa, e não das fontes. Elas não têm nenhuma obrigação de serem neutras no sentido aqui descrito, mas nós precisamos ser neutros quando lidamos com elas. Se a maioria das fontes estão caindo de pau em cima de um político, é imperativo que o nosso artigo diga exatamente isso, e se ele está sendo elogiado em massa, também é o nosso trabalho repetir o aplauso geral. Ser neutro é criticar o biografado se as críticas existem — ou elogios — e foram documentadas fartamente, mesmo que nossa opinião pessoal sobre o tema possa ser outra.
E se muitas fontes falam bem, e outras tantas falam mal, nossa obrigação é mostrar que existe um equilíbrio de opiniões entre os observadores e estudiosos profissionais do assunto, e que a controvérsia é inconclusiva. Também pode ocorrer que as fontes falem principalmente bem de determinado aspecto de sua carreira, ao passo que em outro aspecto as críticas negativas predominam. Se assim for, devemos dizer isso como é, e não normalizar tudo sob um mesmo critério, colocando tudo no mesmo balaio e dizendo que sua atuação tem sido simplesmente controversa e que a controvérsia é inconclusiva, eliminando as nuances e aplainando as irregularidades que sua carreira pode apresentar. Dificilmente algum político terá uma atuação inteiramente negativa, ou inteiramente positiva, e o trabalho dos editores é mostrar como, onde e por quê essas irregularidades ocorrem, na medida em que esses dados estiverem disponíveis em boas fontes, sem selecionar e interpretar arbitrariamente o que vamos contemplar em nosso artigo.
Mas nem sempre devemos trazer para cá indiscriminadamente tudo o que encontramos, mesmo que seja divulgado em jornais e revistas respeitáveis. As questões da contextualização e da autoridade das vozes citadas nas fontes são sobremaneira importantes no momento de selecionar as fontes que usamos. Quando temos de esclarecer uma polêmica, não se pode dar o mesmo peso a opiniões de conhecedores do tema e opiniões de pessoas fora do campo. Por exemplo, se falamos de um político ativo na área do meio ambiente, que sentido tem trazer opiniões de representantes do agronegócio e de negacionistas do clima, que notoriamente são movidos por interesses de mercado e/ou são avessos à ciência que rege os estudos ambientais, como se todos tivessem a mesma autoridade para opinar? Não faz sentido nenhum, e colocar esse tipo de atores em cena para aumentar o número e fazer de conta que a polêmica é legítima e inconclusiva só vai distorcer todo o assunto na visão do público leigo. O que se deve fazer, no entanto, é esclarecer o motivo pelo qual esses atores de fora do campo se agitam e se põem a gritar. No caso dos ruralistas, por exemplo, um ato político que aumente o rigor da legislação ambiental certamente lhes trará insatisfação, pois para eles o ambiente é um entrave para seus negócios, e prefeririam que não houvesse nenhuma legislação a lhe coibir os abusos. Para eles, uma floresta só tem valor quando deixa de existir, abrindo espaço para rebanhos e lavouras. Acontece que os cientistas já deixaram claro que o ambiente não estorva nenhum progresso, ao contrário, é essencial que seja preservado para que o progresso possa acontecer no longo prazo e que seja em benefício de todos e não de um pequeno grupo de magnatas avarentos e imediatistas. Porém, os políticos comprometidos com o agronegócio — que são muitos e muito poderosos — dão força a esse coro mal intencionado, e sua voz ecoa muito alto pois detêm poder de decisão. Neste caso, esses políticos não devem ter espaço no debate senão quando são expostos claramente seus interesses reais e seus comprometimentos.
Percebe-se, no meio de todas essas nuances, a importância de esmiuçar o assunto em suas várias ramificações e usar fontes que se alinhem ao conhecimento científico do tema, e não criem um tumulto artificial com pseudociência e gritaria meramente opiniática de quem não entende nada do assunto ou de quem faz toda questão de manter a população na confusão e na ignorância. Neste sentido, é vital que o editor se engaje positivamente com o melhor conhecimento e saiba discriminar o que deve ser reproduzido aqui. Não deve deliberadamente ignorar as diferenças de autoridade das vozes que opinam sobre o tema em questão, pensando que assim estará sendo imparcial. Ele não estará sendo, estará, de fato, dando voz a quem devia calar.
Algumas vezes as críticas até são apontadas, mas passa-se sobre elas rápida e superficialmente, apenas dizendo que existem, sem aprofundar sua origem e repercussão, sem contextualizá-las, o que também não ajuda no aspecto da boa informação do público e na hora de criar uma imagem, no artigo, que corresponda ao impacto que os atos merecedores de crítica ou de elogio exercem sobre a sociedade, atos que, como é notório, têm influência decisiva, marcante e muitas vezes pungente e dramática sobre a vida de todos. Uma simples canetada de um político pode iluminar e dignificar a vida de milhões de pessoas, assim como pode jogá-las no fundo do poço e no desespero. Uma simples canetada de um político pode destruir um bem cultural inestimável, pode causar a extinção de espécies raras e de todo um ecossistema, pode violar direitos humanos básicos, pode colocar comunidades inteiras na miséria, assim como pode salvá-los. Os exemplos são incontáveis. Qualquer pessoa que tenha se dado ao trabalho de ler um único jornal em sua vida, qualquer pessoa que mantenha um mínimo contato com a realidade externa, sabe que assim é.
É uma grossa ingenuidade pensar que a Wikipédia, apenas por ser obrigada a manter-se editorialmente neutra, pode pretender ser também neutra em relação à sua capacidade de formar a opinião da população e, por consequência, pode ser isenta de parte da responsabilidade sobre o que acontece no mundo lá fora. Dar ao público informação de má qualidade, que o leve a interpretar a realidade de maneira falsa ou distorcida, seja para o bem seja para o mal, é ajudar o mundo a piorar, e certamente piorar o mundo não está em nossos planos, de fato está a anos-luz distante dos mais caros objetivos deste projeto.[7][8][9] Os editores da Wikipédia não podem alegar que o projeto em sua essência é neutro, pois ele almeja, e positivamente, que o mundo seja um lugar melhor para se viver. Se quiséssemos que tudo permanecesse como está, não estaríamos aqui tentando transmitir conhecimento livre para todos nem tentando fazer uma revolução social. Os vários prêmios internacionais que a Wikipédia já recebeu enfatizam exatamente sua capacidade de transformar a sociedade e de estabelecer novos paradigmas,[10][11][12] e supostamente todos os editores se orgulham disso. E é bom lembrar que a Wikipédia sempre defendeu o livre acesso à informação, está baseada exatamente em cima disso como parte essencial de sua Missão,[8] e é uma das posturas pessoais do nosso fundador Jimmy Wales.[13] Em uma entrevista, falando sobre jovens indianos que pediam o acesso livre à Wikipédia, ele declarou:
Em outra entrevista, ele disse:
No entanto, para que nossa nobre missão seja cumprida, chega o momento de ser efetivamente neutro e imparcial, quando é preciso narrar as coisas como elas são, e não criar um mundo cor-de-rosa para o leitor, nem tampouco lançar sombras onde há grande claridade, a fim de que o leitor possa fincar seu pé mais firmemente na realidade, e conhecendo-a melhor, saiba melhor como lidar com ela e eventualmente, quando necessário, transformá-la com sabedoria.
Por isso a descrição do impacto concreto da atividade dos políticos, seja para o mal ou para o bem, assim como a representação da sua popularidade, conceito ou imagem pública, não podem passar em brancas nuvens em nossos artigos, não podem ser tratadas como aspectos menores ou superficiais de suas carreiras ou serem desvinculados da essência de sua atividade e de sua mesma biografia, e precisam ser descritas em todo o seu alcance — obviamente, de acordo com o que dizem as fontes. E isso inclui descrever não apenas a opinião que os peritos fazem dos políticos, mas também a opinião do povo, pois a opinião do povo é um aspecto da realidade tão digno de registro quanto qualquer outro, mas, é claro, desde que ela tenha gerado grande repercussão e tenha sido recolhida e apresentada por peritos, tais como o IBOPE e pesquisadores sérios, e não seja tomada aleatoriamente de blogs pessoais ou do Facebook, por exemplo, ou da nossa própria cachola. Mas ao ler os artigos sobre políticos muitas vezes fica-se com a sensação de que são figuras semitransparentes, vaporosas, remotas, mornas e aguadas, sem qualquer substância e sem qualquer efeito sobre a realidade cotidiana, porque sua biografia é tratada tão pseudo-imparcialmente que só resta um tênue rastro de sua passagem por aqui ou por ali, sem que quase nada de realmente vivo e importante possa ser dito sem que venha algum editor "imparcial" e ache que estamos fazendo ou campanha a seu favor ou levantando uma bandeira contra ele.
São muitas as críticas que a Wikipédia recebe por sua confiabilidade incerta.[16] Não deveríamos contribuir para essas críticas aumentarem distorcendo a realidade em nossos artigos sobre política. Cabe-nos, portanto, em nosso trabalho editorial, deixar nossas próprias opiniões em casa e simplesmente reproduzir nos nossos artigos o que as fontes dizem, sem tirar nem por, sem adornar nem enfeiar, sem aumentar nem diminuir, sem interpretar e sem concluir. Fazer outra coisa é fazer pesquisa original, é tomar partido, e é censurar.
Tetraktys, 10 de outubro de 2015
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