Ácido glutâmico

O ácido glutâmico é um aminoácido não essencial, um dos 20-22 aminoácidos proteinogênicos. Seus códons são GAA e GAG.

O ânion carboxilato e os sais do ácido glutâmico são conhecidos como glutamatos. O glutamato é um importante neurotransmissor, que desempenha um papel chave na potenciação de longa duração e é importante para o aprendizado e a memória.

Nomenclatura Ácido glutâmico ou glutamato
Símbolo Glu ou E
Nome químico Ácido 2-aminoglutárico
Classificação Aminoácido polar ácido
Estrutura Linear
Estrutura Tridimensional

Estrutura

Como o seu nome indica, possui um ácido carboxílico como grupo funcional na sua cadeia lateral.C5H9NO4 é sua molécula

Biossíntese

Reacção Enzimas
Glutamina + H2O → Glu + NH3 GLS, GLS2
Ácido N-acetilglutâmico + H2O → Glu + Acetato (desconhecida)
α-cetoglutarato + NADPH + NH4+ → Glu + NADP+ + H2O GLUD1, GLUD2
α-cetoglutarato + α-aminoácido → Glu + α-oxoácido transaminase
1-pirrolina-5-carboxilato + NAD+ + H2O → Glu + NADH ALDH4A1
N-formimino-L-glutamato + ácido fólico ⇌ Glu + Ácido 5-formimino-fólico FTCD

Funções

Na dieta

O glutamato está presente em diversos alimentos. É responsável por um dos gostos básicos que constituem o paladar humano - umami. Por esta razão, o glutamato monossódico é usado como aditivo alimentar, para realçar o sabor de alimentos.

Cerca de 95% do glutamato ingerido é absorvido rapidamente no intestino, sendo que a metade é metabolizada em CO2. Provou-se, através de pesquisas, que o glutamato aí metabolizado é o maior contribuinte para a produção da energia usada pelo intestino.

No metabolismo

O glutamato é um aminoácido importante no metabolismo humano. É o produto da transaminação do α-cetoglutarato, participando então na produção de metabolitos como o piruvato ou o oxaloacetato, que participam em vias metabólicas como a gliconeogénese, a glicólise ou o ciclo dos ácidos tricarboxílicos:

alanina + α-cetoglutarato ⇌ piruvato + glutamato aspartato + α-cetoglutarato ⇌ oxaloacetato + glutamato

O glutamato sofre desaminação a α-cetoglutarato e amónia através da seguinte reacção, catalisada pela glutamato desidrogenase:

glutamato + água + NAD+ → α-cetoglutarato + NADH + amónia + H+

A amónia é excretada sob a forma de ureia (em humanos), que é sintetizada no fígado. O excesso de azoto no organismo pode ser então excretado através da ligação entre reações de transaminação e desaminação: aminoácidos são transformados em α-cetoácidos enquanto o grupo amina é transferido para o α-cetoglutarato, formando glutamato; este sofre então a desaminação que origina a amónia e depois a ureia.

Como neurotransmissor

O glutamato é um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, o mais comum em mamíferos. É armazenado em vesículas nas sinapses. O impulso nervoso causa a libertação de glutamato no neurónio pré-sináptico; na célula pós-sináptica, existem receptores (como os receptores NMDA) que ligam o glutamato e se activam. Pensa-se que o glutamato esteja envolvido em funções cognitivas no cérebro, como a aprendizagem e a memória. As membranas de neurónios e da glia possuem transportadores de glutamato que retiram rapidamente este aminoácido do espaço extracelular.

O glutamato é precursor na síntese de GABA em neurónios produtores de GABA.

Neurotoxicidade

Em situações de patologia cerebral (danos ou doenças), os transportadores podem funcionar de forma reversa e causar a acumulação e concentrações excessivas de glutamato no espaço extracelular. Esta reversão provoca a entrada de iões cálcio (Ca2+) nas células, através de receptores NMDA, levando a danos neuronais e eventualmente morte celular (apoptose). Este processo é conhecido como excitotoxicidade e pode ser letal para os neurônios, particularmente no caso de ativação dos receptores NMDA. Assim a toxicidade, pode ser causada por:

A excitotoxicidade devida à acumulação de glutamato ocorre em episódios de isquémia cerebral e apoplexia e está associada a doenças como esclerose lateral amiotrófica, latirismo e doença de Alzheimer.

Referências

  1. Robert Sapolsky (2005). «Biology and Human Behavior: The Neurological Origins of Individuality, 2nd edition». The Teaching Company. see pages 19 and 20 of Guide Book 
  2. Intestinal glutamate metabolism (em inglês)
  3. Mol Pharmacol. (1989), vol.36, nº1, p.106-112.