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Õ Blésq Blom | |||||||
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Álbum de estúdio de Titãs | |||||||
Lançamento | 16 de outubro de 1989 | ||||||
Gravação | Julho – setembro de 1989 na unidade móvel Nas Nuvens[1] | ||||||
Gênero(s) | Rock alternativo, rock eletrônico, funk rock | ||||||
Duração | 34:50 | ||||||
Idioma(s) | Português | ||||||
Formato(s) | LP e CD | ||||||
Gravadora(s) | WEA | ||||||
Produção | Liminha e Titãs | ||||||
Cronologia de Titãs | |||||||
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Singles de Õ Blésq Blom | |||||||
Õ Blésq Blom é o quinto álbum de estúdio da banda brasileira de rock Titãs, lançado em 16 de outubro de 1989 pela WEA.[2]
Durante a turnê do disco anterior (Go Back), na passagem por Recife, os Titãs encontraram na Praia de Boa Viagem um casal de músicos repentistas, Mauro e Quitéria (respectivamente, de 68 e 57 anos[3]). Após ouvi-los e admirar sua performance, decidiram gravá-los lá mesmo, usando um gravador que o vocalista Paulo Miklos pegou.[3] A música gravada foi usada como introdução do disco e dos shows das turnês subsequentes,[4] e já começou a ser usada na turnê de Go Back.[3]
Mauro era um ex-estivador do Porto do Recife e, por conta do constante contato com estrangeiros, aprendeu palavras em vários idiomas.[5][3] Com a ajuda da esposa (que passou a guiá-lo a partir de 1982, quando ficou cego[5][3]), ele percorria diariamente a praia cantando canções escritas em vários idiomas simultâneos - embora ele não soubesse o real significado das palavras - em troca de esmolas,[5] marcando o tempo com um caxixi improvisado com pano, papelão e chumbo.[3] Por sua participação no disco, o casal recebeu o pagamento de NCzS 6 mil (com suas apresentações na praia, costumavam faturar de NCzS 40 a NCzS 100 por dia).[5] Mauro nunca havia ouvido uma gravação da própria voz antes.[3]
Planejava-se convidar os músicos para se apresentarem na turnê de divulgação do disco com a banda, mas a participação não foi possível por limitações da produção dos shows.[6] Na época da turnê, o vocalista/saxofonista Paulo Miklos e o guitarrista Marcelo Fromer anunciaram que planejavam produzir um disco de Mauro e Quitéria pela WEA.[7]
Õ Blésq Blom foi gravado entre julho e setembro de 1989.[3] Seu repertório de 12 músicas foi curado a partir de 30 composições.[3]
Logo no primeiro mês de gravações, a mãe do baixista/vocalista Nando Reis morreu, e ele iniciou os trabalhos abalado pela morte dela,[8] mas considerou que a atividade foi fundamental para que ele processasse o luto.[8][4]
Durante as gravações do disco, foram visitados pelo casal Tina Weymouth e Chris Frantz, respectivamente baixista e baterista do Talking Heads.[4]
"Miséria" foi escrita por Arnaldo Antunes, a letra era maior, Sérgio Britto e Paulo Miklos a encurtaram. Caetano Veloso declarou que ela fez o grupo atingir "o topo da MPB".[9] A faixa "Faculdade" veio a Nando num sonho.[4]
Várias outras faixas além das que foram lançadas foram criadas para o disco e acabaram ficando de fora. Duas delas foram aproveitadas no disco ao vivo Acústico MTV: "Nem 5 Minutos Guardados" e "A Melhor Forma".[10] Outras seis tiveram suas versões iniciais lançadas posteriormente na coletânea E-Collection, de 2001, juntamente a outras raridades da banda. São elas: "Aqui É Legal", "Estrelas", "Eu Prefiro Correr", "Minha Namorada", "Porta Principal" e "Saber Sangrar".[11]
"Eu Não Sei Fazer Música", lançada no disco Tudo ao Mesmo Tempo Agora em 1991, também foi escrita nessa época.
O álbum foi lançado no dia 16 de outubro em um show no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Como parte da campanha de divulgação do álbum, a banda contratou o grupo de grafiteiros Tupi Não Dá para escrever o título do álbum em pontos estratégicos de São Paulo. Chamaram também Caetano Veloso para escrever o comunicado de imprensa sobre o disco;[2][4] seu filho Moreno escreveu um PS.[4] O lançamento do disco veio junto com o lançamento do single "Flores".[9]
O título do disco (que pode ser "traduzido" como "os primeiros homens que andaram sobre a terra"[1] ou "os primeiros habitantes da Terra"[3]) vem da letra da faixa de abertura; Nando afirma ter sido o provável responsável pela ideia de adotá-lo como nome da obra e afirma ter certeza de que sugeriu a grafia da letra "o" com til ("Õ").[4] Originalmente, a obra se chamaria Racio Címio.[3]
A capa é uma colagem do vocalista Arnaldo Antunes, que produziu cinco trabalhos e a banda votou para decidir qual deles estamparia o disco.[4]
"Com Õ Blésq Blom demos uma bela rasteira no grande público, que sempre vai junto com a onda." / "Poderíamos muito bem ter sentado no confortável trono da repetição, porque não havia nenhuma banda como nós, como aval da crítica, do público e do Caetano (risos)".
Branco Mello e Sérgio Britto (respectivamente) sobre Õ Blésq Blom[9]
Em duas semanas, o álbum atingiu a marca de 100 mil cópias vendidas, recebendo por consequência o certificado de Disco de Ouro.[12] Na altura do lançamento do disco seguinte, Tudo ao Mesmo Tempo Agora, estava na marca de 226 mil cópias vendidas.[13] Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, o álbum vendeu 230 mil cópias.[14] O jornalista Ricardo Alexandre falou em 400 mil em livro lançado em meados dos anos 1990.[9]
Na revista Bizz, José Augusto Lemos chamou o álbum de "o vinil mais bem produzido que este país já viu". A publicação mais tarde consagraria o trabalho com o Prêmio Bizz de melhor disco tanto na votação do público quanto na da crítica.[9]
Em 2007, foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil como o 74º melhor disco da música brasileira.[15] Dois anos antes, sua capa fora eleita pela então ressuscitada revista Bizz a 100ª principal capa da história do rock.[16]
Em um artigo publicado um ano antes na mesma revista, o vocalista e tecladista Sérgio Britto considerou este álbum como um dos melhores que a banda havia feito, juntamente aos antecessores Cabeça Dinossauro e Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas. Ele disse ainda que o trabalho, "se não influenciou, ao menos antecipou toda a onda do Mangue Beat e a mistura de MPB e música nordestina com elementos de rock e programações eletrônicas."[17]
O então vocalista Paulo Miklos, em entrevista à mesma revista em 2012, disse também: "Na frente do palco da gente, estreando em Recife, estava todo mundo que seria do manguebeat, na primeira fila. Zeroquatro e a turma toda. Isso Chico Science quem me falou. Assim, aquele momento em que a gente pegou Mauro e Quitéria na praia e fez aquele disco foi um momento de laboratório para dar essa trombada estética que gera alguma coisa, do pop rock misturado com a música nordestina, com uma carga de brasilidade violenta e tal."[18]
Críticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Allmusic | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Jornal do Brasil | ![]() ![]() ![]() |
Escrevendo para o Jornal do Brasil, Aponean Rodrigues chamou o disco de "correto, gostoso de ouvir e de dançar e com instantes de poesia crítica". Analisou que Cabeça Dinossauro havia sido uma "demarcação de carreira", que Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas fora a evolução desta demarcação e que Õ Blésq Blom consolidava esta evolução. Disse ainda que "seguindo por este caminho, em sua resplandescente ascenção ao olimpo do rock nacional para conquistar a coroa ou a pecha de melhor banda brasileira do gênero (...) os Titãs têm realizado um trabalho coerente e de qualidade." Ele também elogiou a produção, os vocais e as faixas, entre as quais não detectou nenhum "desnível".[19]
No mesmo jornal, algumas edições depois, os críticos Fábio Rodrigues, Tárik de Souza e Aldir Blanc também teceram elogios ao disco na coluna "O disco em questão".[20]
Faixas de Õ Blésq Blom; créditos dados por IMMuB e Discos do Brasil[21][22] | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Vocais principais[22] | Duração | ||||||
1. | "Introdução por Mauro e Quitéria" | Mauro, Quitéria | Mauro e Quitéria | 0:44 | ||||||
2. | "Miséria" | Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Sérgio Britto | Sérgio, Paulo | 4:27 | ||||||
3. | "Racio Símio" | Arnaldo, Marcelo Fromer, Nando Reis | Nando | 3:19 | ||||||
4. | "O Camelo e o Dromedário" | Marcelo, Nando, Paulo, Tony Bellotto | Paulo | 5:22 | ||||||
5. | "Palavras" | Marcelo, Sérgio | Sérgio | 2:33 | ||||||
6. | "Medo" | Arnaldo, Marcelo, Tony | Arnaldo | 2:06 | ||||||
7. | "Natureza Morta (apenas na versão de CD)" | Arnaldo, Liminha, Branco Mello, Marcelo, Paulo, Sérgio | Arnaldo e Branco | 0:19 | ||||||
8. | "Flores" | Charles Gavin, Paulo, Sérgio, Tony | Branco | 3:27 | ||||||
9. | "O Pulso" | Arnaldo, Marcelo, Tony | Arnaldo | 2:45 | ||||||
10. | "32 Dentes" | Branco, Marcelo, Sérgio | Branco | 2:30 | ||||||
11. | "Faculdade" | Arnaldo, Branco, Marcelo, Nando, Paulo | Nando | 3:13 | ||||||
12. | "Deus e o Diabo" | Nando, Paulo, Sérgio | Sérgio, Paulo | 3:28 | ||||||
13. | "Vinheta Final por Mauro e Quitéria" | Mauro, Quitéria | Mauro e Quitéria | 0:35 |
Conforme Discos do Brasil:[22]